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Polícia

Operários morrem em construção de presídio no interior de SP

2 jul 2014 - 11h41
(atualizado às 11h54)
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Dois operários morreram soterrados ontem, na construção do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Icém, no interior de São Paulo. Os operários trabalhavam na colocação de tubos em uma escavação, quando o barranco cedeu e os soterrouUm deles, o ajudante Luiz Fernando Cuba, chegou a ser socorrido pelos próprios colegas, antes de chegada dos bombeiros, foi levado ao pronto-socorro, mas não resistiu. O encanador Edmar Laurentino, só foi retirado, sem vida, por volta das 21 horas.

A obra do governo do Estado de São Paulo, está orçada em R$ 35 milhões e deveria ter sido entregue em novembro do ano passado, mas ações judiciais por falta de licenciamento ambiental atrasaram a conclusão. A Polícia Civil vai investigar a possibilidade de o acidente ter sido causado por negligência dos responsáveis pela obra. “Pelo que percebemos, a pressa ou a falta de cuidado causaram uma negligência que pode ter provocado o acidente”, afirmou o delegado titular de Icém, Antônio Honório do Nascimento, que abriu inquérito nesta quarta-feira para apurar as causas do acidente.

De acordo com o delegado, a falta de escoramento do barranco pode ter contribuído para o desmoronamento. “Era uma escavação muito extensa e profunda, feita em um solo sem compactação”, disse. O delegado, que esteve no local durante as operações de resgate, se disse surpreso com a falta de escoramento. “É uma escavação com cerca de 100 metros de extensão, por cinco metros de profundidade e aproximadamente de três a quatro metros de largura, o que possibilitava a instalação de escoramentos”, afirmou.

“Hoje em dia, não se aceita mais isso. A cada cinco metros, o serviço é feito e tapado. Ali, o serviço foi feito numa grande extensão e não taparam o buraco, aumentando as chances de acidente”, comentou. Segundo Nascimento, a obra, feita num solo sem compactação, aumentou ainda mais as possibilidades de desmoronamento. “Não entendo como ninguém percebeu isso. Havia engenheiro, técnicos e não dá para entender como deixaram que isso acontecesse”, explicou.

Para agravar, testemunhas disseram que os dois operários trabalhavam sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), obrigatórios por lei. “Pode ser que nem mesmo com os equipamentos eles se salvariam”, disse o delegado. 

No entanto, segundo ele, se houvesse escoramento do barranco, a realidade poderia ter sido outra. Porém, segundo o delegado, as convicções sobre o acidente só poderão ser tomadas após ele ouvir depoimentos dos representantes Hudson Construtora, responsável pela obra, e de uma empresa terceirizada chamada Matrix, para as quais os dois funcionários trabalhavam, além de engenheiros, técnicos e operários que atuavam no canteiro de obras.

Representantes das duas empresas que estavam no canteiro de obras não quiseram falar com a imprensa. A atendente da Hudson, na capital paulista, informou que a empresa não se manifestaria sobre o assunto. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) também não quis se manifestar, emitindo uma nota dizendo apenas que qualquer informação deveria ser colhida com as autoridades policiais. A reportagem não conseguiu localizar diretores da Matrix para falar sobre o assunto.

Fonte: Terra
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