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Polícia

Parentes do menino boliviano morto em SP protestam por justiça

Uma passeata saiu da Igreja dos Imigrantes na Baixada do Glicério rumo à Praça da Sé

6 jul 2013 - 18h40
(atualizado às 18h49)
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<p>Brayan Yanarico Capcha, 5 anos, foi morto em um assalto na zona leste da capital paulista</p>
Brayan Yanarico Capcha, 5 anos, foi morto em um assalto na zona leste da capital paulista
Foto: Futura Press

Membros da comunidade boliviana e representantes de vários segmentos sociais fizeram uma manifestação em que pediram neste sábado que seja feita justiça no caso da morte do Brayan Yanarico Capcha, 5 anos, morto em um assalto, no último dia 28, na zona leste da capital paulista. Uma passeata saiu da Igreja dos Imigrantes na Baixada do Glicério rumo à Praça da Sé.

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas em todo o País

Visivelmente chocado com a tragédia que se abateu sobre a sua família, Carlos Yanarico, tio de Brayan, disse que vai permanecer no Brasil até que ocorra a prisão do suspeito pelo assassinato. Dois acusados de envolvimento no caso estão presos e um menor foi apreendido, mas o principal criminoso e mais um comparsa estão foragidos.

"Só peço a justiça para Brayan", defendeu Carlos, logo após assistir à missa de sétimo dia em memória de seu sobrinho no início da tarde de hoje na Igreja dos Imigrantes. Ele relembrou o momento de aflição de sua família na madrugada em que foram atacados quando chegavam em casa. Mesmo tendo entregue todo o dinheiro que tinham e implorado para que não matassem ninguém, um dos agressores atirou na cabeça da criança.

Segundo o boliviano, os pais de Brayan estão muito abalados e não pretendem mais voltar ao Brasil. Eles seguiram para a Bolívia, onde o corpo de Brayan foi enterrado na última quarta-feira e devem permanecer em La Paz. A advogada da família, Patrícia Vega, fez um apelo para que a população veja a foto do suspeito pelo assassinato, que tem sido divulgada pelos meios de comunicação, e denuncie ao no Disque Denúncia (181).

Segundo ela, quatro equipes de policiais estão procurando os dois foragidos. O principal suspeito "é uma pessoa perigosa, que está armada e a gente só vai conseguir colocá-lo na prisão com ajuda", diz a advogada. Segundo Patrícia, muitas pessoas a tem procurado para oferecer ajuda financeira à família de Brayan. Roque Pattussi, coordenador do Centro de Apoio ao Imigrante, disse que há preocupação com o futuro do casal Yanarico, porque essas famílias bolivianas que vêm tentar a sorte no Brasil são suscetíveis a muitas vulnerabilidades e com o retorno ao país de origem, principalmente diante da forma como isso ocorreu carecem de uma assistência especial.

Ele informou que o governo brasileiro manifestou solidariedade e que tem sido feito contatos com as autoridades do país vizinho. Após o ato religioso, os participantes seguiram em passeata até a Praça da Sé, onde ocorreu uma manifestação em que novos pedidos de justiça foram feitos por representantes de vários segmentos sociais entre os quais estavam integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Centro de Apoio aos Imigrantes. Os organizadores estimaram a presença de pouco mais de mil pessoas. Já pelos cálculos da Polícia Militar, em torno de 200 pessoas estavam no ato.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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