PF descobre esquema de importação de armas de guerra para o tráfico no RJ pelos Correios e transportadoras
Um dos chefes do Terceiro Comando Puro (TCP) usava os Correios e transportadoras privadas para comprar fuzis e explosivos
A PF revelou um esquema liderado por Peixão, do TCP, no Rio de Janeiro, para importar armas e equipamentos de guerra destinados ao tráfico. Compras internacionais incluíam fuzis e drones, com pacotes enviados via Correios e transportadoras.
Um dos chefes da organização criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) no Rio de Janeiro, Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, foi apontado como autor de um esquema de importação de armamento pesado, com destino ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro. O objetivo seria abastecer favelas sob seu controle na Zona Norte.
As informações foram reveladas em reportagem do Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 23. Segundo a Polícia Federal (PF), as compras incluíam drones, fuzis, granadas e outros explosivos, que eram enviados para o Brasil por empresas de transporte, e até pelos Correios.
Áudios obtidos pela PF mostram Peixão negociando a compra de drones e equipamentos anti-drone com fornecedores internacionais. "A partir de agora, a gente já não vai parar mais não, né? Toda semana a gente vai estar comprando alguma coisa. Eu vou me programar pra semana que vem fazer uma compra de 100 mil”, diz.
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Peixão se diz dono de um pedaço do Complexo de Israel, onde cerca de 140 mil pessoas moram.
A investigação apontou que o traficante tinha assessoria de Everson Vieira, apelidado de “Deus” em conversas com fornecedores. Everson atuava como um armeiro da facção, e coordenava as importações. Ele foi preso quando tentou retirar um fuzil anti-drone que estava identificado como “brinquedo eletrônico” nos Correios com destino a Nova Iguaçu.
A PF encontrou no celular de Everson mensagens com vendedores da China e do Paraguai. Os produtos eram comprados em dólar, e enviados com códigos de rastreamento. Recibos da empresa DHL mostram que entregas vindas de Hong Kong foram feitas para a casa dele. Em mensagens obtidas pela PF, ele diz que compraria cinco equipamentos anti-drone.
"Veja a melhor forma de envio, dessa vez vou comprar 5 de uma vez. Tenho muitos clientes que querem isso", diz Peixão.
As transportadoras também eram usadas pelo traficante para receber armas. “Até se for um fuzil, não tem problema”, ele diz em áudio.
O esquema criminoso movimentava grandes valores via Pix. Os comprovantes mostram pagamentos de R$ 30 mil e R$ 32 mil em compras de armas.
A facção comprava fuzis do Paraguai por valores entre R$ 7,5 mil e R$ 15 mil. A operação ainda mostrou que Everson foi preso novamente neste mês, após se apresentar à Justiça. Ele responde por tráfico internacional de armas e participação em organização criminosa. A PF quer sua transferência para um presídio federal.
Peixão segue foragido. A Polícia Civil realiza operações para tentar prendê-lo. Ele é indiciado por importação ilegal de armas e equipamentos de guerra.
Ao Fantástico, os Correios informaram que mantêm atuação rigorosa no combate ao envio de objetos ilícitos e colaboram com órgãos de segurança. A DHL Express afirmou que não compactua com atividades criminosas e acompanha o caso. O AliExpress declara que repudia qualquer atividade criminosa e está disponível para colaborar com as autoridades responsáveis.