Pior presídio do País começa a ser demolido no RS
Susepe nega que transferências possam levar facções para o interior do Estado com esvaziamento do Central
O Presídio Central de Porto Alegre, que já foi considerado o pior do País, começou a ser demolido nesta terça-feira em ato simbólico realizado pelas autoridades locais. O primeiro pavilhão a ser destruído foi o C, que abrigava os presos que não tinham ligação com facções criminosas, os denominados Unidos pela Paz.
Os 363 presos alojados no pavilhão onde começou a demolição foram transferidos para a Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, a 60 quilômetros da capital. A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) nega que as facções possam atuar no interior.
Desde junho deste ano, a casa prisional com capacidade para 1,6 mil presos, mas que já abrigou 5,2 mil pessoas, começou a transferência para vagas criadas nas cidades de Canoas e outras unidades novas recém entregues. Atualmente o Presídio Central abriga mais de 3,7 mil.
Segundo o governo gaúcho, desde 2011, foram entregues 2.870, e a expectativa é de que a atual gestão abra 7 mil novas vagas.
Os trabalhos de demolição do primeiro pavilhão devem ser concluídos dentro de 20 dias e, em seguida, começam os trabalhos no D, que fica ao lado. Para a demolição do C, 363 presos foram transferidos para Montenegro.
Entretanto, a demolição dos pavilhões mais antigos e sem condições de uso não significa o fim do Central, que passará a abrigar apenas presos provisórios e representam cerca de 2 mil dos 3,7 mil alojados no local. “Não podemos ficar sem uma casa provisória”, afirma o superintendente da Susepe, Gelson Treiesleben.
Facções em outros presídios
Ainda de acordo com o superintendente, o problema das facções tinha estrita relação com a superlotação. “Isso diminui com a individualização da pena, que acontece quando se tem o número apropriado de vagas, o que diminui a valorização das facções. Porque hoje, os presos são recebidos pelos presos”, diz.
Um dos exemplos dos problemas da superlotação, além da fadiga estrutural do presídio, era a necessidade de manter as grades das celas abertas, já que o espaço não comportava todos presos ali abrigados.