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Polícia

Pistoleiro festejou após conseguir matar Nadinho

12 jun 2009 - 02h52
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A descrição feita pelas testemunhas da execução do ex-vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, relata que logo após os disparos contra o político um dos criminosos comemorou o sucesso da empreitada. Ao gritos de "Consegui, consegui!", um dos atiradores ¿ alto e barrigudo - vibrou ao ver Nadinho caído na porta do hall dos elevadores de um dos prédios do Condomínio Rio 2, na Barra da Tijuca. O ex-vereador tinha conseguido sobreviver ao um outro atentado no ano passado.

Os dois pistoleiros embarcaram depois num Audi e contavam com a cobertura de um Gol vermelho. Segundo informações passadas à Delegacia de Homicídio, outro homem armado, possivelmente com um fuzil, estava na cena do crime e teria feito apenas um disparo para o alto na hora da fuga do grupo. O matador alto e barrigudo vestia calça e camisa de mangas compridas pretas e usava uma touca ninja. O segundo atirador - baixo, magro e sem máscara - foi quem se aproximou de Nadinho caído no prédio e disparou três vezes contra a cabeça do político.

Parte dessas cenas foi gravada pelas câmeras do circuito interno do condomínio e estão com a polícia. Numa delas, Nadinho aparece correndo, seguido por um dos bandidos. "Ainda estamos analisando as imagens, mas até o início da semana devemos ter algum resultado", disse o delegado Jader Amaral, da DH, que recebeu uma lista com placas e modelos dos veículos que entraram em Rio 2 no dia do crime.

A DH espera obter mais detalhes do crime com o depoimento do cabo do 4º BPM (São Cristóvão) Lúcio Silveira, que ficou ferido. Ele saiu do prédio com o político e, segundos antes dos tiros, viu a aproximação dos executores. "Cuidado, Nadinho", ainda gritou. Mas, atingido no peito, se escondeu atrás de um carro e não teria visto o resto da ação. O PM chegou a ser ouvido informalmente no hospital, mas o delegado marcou para segunda-feira seu depoimento oficial.

Enterro

Cerca de 250 pessoas compareceram ao enterro de Nadinho no Cemitério Recanto da Paz, em Guaratiba. Apenas um político acompanhou o cortejo: o vereador Tio Carlos (DEM), mesmo partido do ex-vereador assassinado. A maioria era de moradores da comunidade, que chegaram em carros e num ônibus fretado.

"Lamento que as pessoas não tenham vindo. Nos quatro anos que ele foi parlamentar, precisaram dele. Agora morreu, acabou tudo", alfinetou Tio Carlos. Ele conheceu Nadinho em 2007, quando criaram um projeto social para crianças em Jacarepaguá.

O pastor Marcos Pereira, da Assembléia dos Últimos Dias, que fez orações no enterro, lamentou a morte. "É uma pena que no Brasil, um País que não possui pena de morte, pessoas façam justiça com as próprias mãos".

O ex-pagodeiro Wagner Dias Bastos, o Waguinho, seguidor do pastor, disse estar revoltado: "Conheço a família e vim para estar junto a eles nesse momento. É muito triste perder alguém de uma forma tão trágica", disse.

Supostos milicianos festejaram

Um churrasco, com direito a muita cerveja, chamou a atenção dos moradores de Rio das Pedras, na quarta-feira. O local da festa foi a casa de um acusado de ligações com o grupo paramilitar que domina a comunidade. Pelo menos cinco PMs, indiciados na CPI das Milícias, participaram do encontro, quatro horas depois da morte de Nadinho.

A cúpula da milícia de Rio das Pedras estava em guerra com Nadinho desde a morte do inspetor Félix dos Santos Tostes, em 2007. Ela acusava o político de tramar o assassinato do policial para assumir a milícia.Ontem, o clima era tranquilo na comunidade. Mesmo com o feriado, parte do comércio funcionou e não havia sinais de luto. Apenas um carro da PM fazia patrulhamento próximo à casa de shows Castelo das Pedras.

No Condomínio Rio 2, onde morava Nadinho, moradores, ainda assustados, evitaram comentar o crime. Marcas de bala permaneciam na catraca do estacionamento e em cinco carros.

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