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Polícia

PM não descarta ocupação na Maré até as eleições

10 abr 2014 - 05h17
(atualizado às 05h28)
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Em meio às incertezas dos moradores do Complexo da Maré quanto à ocupação das Forças Armadas - com prazo inicial para ser encerrada no dia 31 de julho - o subcomandante do COE (Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro), Rodrigo Sanglard, diz que não descarta que os militares fiquem na favela até depois das eleições, em outubro, e cita a preocupação com eventuais protestos na cidade como um dos motivos.

São comuns na comunidade relatos de abusos por parte dos policiais e militares, incluindo excessos cometidos nas revistas às casas.

Entrevistado na calçada de uma das principais ruas da comunidade Nova Holanda, a cerca de 800 metros do 22º Batalhão de Polícia Militar, próximo à avenida Brasil, Sanglard disse à BBC Brasil que "nunca imaginou" que poderia caminhar por ali daquela maneira.

"Para sair do batalhão e chegar até aqui só havia duas maneiras. Ou com o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) ou com blindados. Bastava você entrar com o blindado para começar a tomar tiro. Parecia panela de pipoca", conta. "Muitas vezes um grupo do Gate que entrava para efetuar uma prisão ou averiguar denúncia só podia sair dentro do blindado enviado para buscá-los. Era assim que levávamos os detidos e também material apreendido", acrescenta.

Ele diz que cerca de 200 policiais continuam atuando dentro da Maré, ao lado dos 2,7 mil militares, e comenta o potencial momento de transição em que as Forças Armadas devem devolver o comando à Polícia Militar, dando prosseguimento ao processo de instalação das UPPs. "Eu não descarto a hipótese de que isso só aconteça depois das eleições, em outubro. Devido à grande possibilidade de manifestações intensas neste período no Rio, há chances de que o efetivo da PM tenha que se concentrar no controle aos protestos", explica.

A ocupação das Forças Armadas na Maré foi autorizada pela presidente Dilma Rousseff por meio da lei da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), cujo prazo expira em 31 de julho - mas há possibilidade de extensão.

Copa do Mundo

Questionado sobre a possibilidade de "imprevistos" e de que "algo saia do controle" durante a Copa do Mundo, mesmo sob comando militar, o subcomandante foi taxativo: "se acontecer vai ser em outro lugar, não aqui", diz.

Localizado entre o aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão) e importantes avenidas que ligam o terminal aéreo ao centro da cidade (avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha), o complexo de 16 favelas é alvo de atenção no esquema de segurança da Copa.

Sanglard relembra que durante a Copa das Confederações, no ano passado, o 22º BPM e o COE receberam ordens expressas de não fazerem incursões na favela. "A estratégia foi cercar as entradas e saídas do complexo, mas não fazer operações aqui dentro, justamente para evitar problemas." Mesmo assim, um tumulto no dia 24 de junho do ano passado acabou resultando na morte de um soldado do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM e de outras nove pessoas.

Uma das preocupações do governo é evitar a repetição dos acontecimentos ocorridos durante a Copa das Confederações. Iniciado com um arrastão na avenida Brasil, na altura da comunidade Nova Holanda, o tumulto acabou em tiroteio entre soldados do Bope e traficantes. Parte da via foi fechada, e partes da Linha Amarela e da Linha Vermelha também foram rapidamente interrompidas.

Houve assaltos e muita confusão, e além do Bope, soldados da Força Nacional e da UPP de Manguinhos foram chamados para tentar controlar a situação.

Na comunidade, a repercussão também foi ruim, e piorou ainda mais quando protestos pelas mortes, no dia seguinte, teriam sido reprimidos com munições verdadeiras, e não com balas de borracha, como ocorria nas manifestações do centro da cidade.

Em alusão ao fato de que o governo quer evitar a repetição de algo parecido, Sanglard relembra que, no ano passado, também houve dois grandes eventos em sequência e em paralelo o auge das manifestações de junho, e que a estratégia de segurança para a Maré não foi interrompida.

"Na época, o cerco a todas as entradas e saídas do Complexo durou desde a Copa das Confederações até o final da Jornada Mundial da Juventude, e o objetivo era minimizar os riscos", explica.

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