PM não usou munição letal em ação que matou 1 índio, diz governo de MS
Em nota, governo diz ter informações de que indígenas portavam armas de fogo, que teriam sido usadas contra os policiais
O governo de Mato Grosso do Sul declarou nesta quinta-feira que a Polícia Militar não utilizou munição letal na ação de reintegração de posse que deixou um índio terena morto e outros quatro feridos na Fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. De acordo com nota divulgada pelo governo, o comando da PM recebeu da Polícia Federal informação de que os manifestantes teriam usado armas de fogo contra as equipes de segurança.
Segundo a polícia, os cinco indígenas chegaram a ser encaminhados ao Hospital Elmíria Silvério Barbosa, mas um deles, que havia sofrido uma perfuração a bala na região abdominal, não resistiu aos ferimentos. Os outros foram encaminhados para a Santa Casa de Campo Grande.
Os indígenas reivindicam uma área de 17,2 mil hectares, mas a Justiça mandou que desocupassem o local em favor dos proprietários das terras, segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul. Na região vivem nove aldeias e cerca de 4,5 mil índios, conforme a procuradoria.
Segundo o governo, a ação contou com o apoio da Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais da PM (Cigcoe), "especializada em atuar nessas condições", que emprega apenas armas com munição de borracha. O governador André Puccinelli anunciou que tentou entrar em contato com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, "para solicitar ação do governo federal no sentido de aliviar a tensão e evitar novos conflitos, considerando que a questão fundiária e dos interesses dos indígenas é responsabilidade da União", mas não foi possível contatar Cardoso.
"Não sendo possível o contato, o governador falou com o general Roberto Sebastião Peternelli Junior, que está substituindo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, José Elito Carvalho Siqueira, e pediu intervenção imediata do governo federal para que a situação seja resolvida", diz o governo em nota.