Polícia apura se alemão usou droga que matou aluno da USP
A Polícia Civil de Ilha Solteira, no interior de São Paulo, investiga se o estudante alemão Jackob Steinmetz, 23 anos, que morreu na última sexta-feira, consumiu a mesma droga que, segundo a polícia, contribuiu para a morte do estudante Victor Hugo do Santos, da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com a polícia, Victor Hugo, 20 anos, morreu em 21 de setembro após consumir um entorpecente similar ao LSD numa festa no Velódromo da USP e se afogar na raia olímpica da universidade. Os exames constataram a presença, no sangue do jovem, da substância 25B-NBOMe, uma das variações da nova droga NBOMe, vendida como um LSD mais potente e barato. Surgida em 2003 na Alemanha, o NBOMe chegou ao Brasil em 2012 e já matou 19 pessoas em todo o mundo.
“Estamos verificando se se trata da mesma droga, pois as informações que temos é que o estudante alemão teria usado LSD com álcool”, disse o delegado de Ilha Solteira, Miguel Ângelo Micas, responsável pelo inquérito que apura a morte de Jakob.
Jakob morreu na madrugada de sexta-feira, 17, depois de ter supostamente consumido álcool e LSD na república em que morava em Ilha Solteira. O alemão fazia intercâmbio pelo curso de engenharia civil na Universidade Estadual Paulista (Unesp), que tem campus em Ilha Solteira.
Na noite de quinta-feira, 16, depois de beber caipirinhas com cinco amigos, Jakob fez uso de LSD e em seguida passou mal. O plano era que ele e os amigos fossem a um show sertanejo e depois a uma festa de despedida do próprio Jakob, que deixaria o País nos próximos dias.
Um dos amigos que ficou para tomar conta do alemão disse que pouco depois de usar o LSD, o intercambista ficou agressivo, começou a pular e a quebrar objetos da república para, em seguida, cair e entrar em convulsão.
Os bombeiros foram chamados e levaram Jakob ao pronto-socorro, mas como seu estado era grave e ele apresentava hemorragia nasal, o jovem foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital de Ilha. O rapaz não resistiu e morreu já na madrugada de sexta-feira, 17. Antes disso, entretanto, Jakob contou ao colega de república que fizera uso de LSD.
“Nós trabalhamos com a hipótese de overdose por consumo de caipirinha e LSD. Sabemos que o LSD, se usado convencionalmente, não causa a overdose, mas ele usou a droga por inalação e ingeriu muito álcool, então pode ter ocorrido a overdose”, declarou Micas. “Mas também estamos apurando se a droga era mesmo LSD ou se era esta variação que estão vendendo como se fosse LSD”, completou o delegado.
Segundo Micas, a polícia vai ter certeza do que ocorreu somente depois da conclusão dos laudos feitos a partir de exames nas vísceras do rapaz e no conteúdo existente em um tubo de Anador, apreendido pela polícia na república. “O tubo era usado por ele (Jakob) para inalar o LSD e dentro ainda havia um pouco da substância”, contou o delegado.
De acordo com o delegado, um relatório conclusivo do inquérito deve demorar cerca de 30 dias para ser produzido. “Estamos analisando se houve culpa de alguém ou se se trata de homicídio culposo, por exemplo. Mas ao que tudo indica o que pode ter ocorrido mesmo foi overdose porque o rapaz fazia uso constante de drogas, não escondia dos amigos que usava entorpecentes e pode, ao ter usado o LSD por inalação, não ter medido a quantidade e ter exagerado”, afirmou.
O corpo de Jakob está em uma funerária em Pereira Barreto, cidade vizinha a Ilha Solteira. Segundo Micas, o Consulado Brasileiro está providenciando o traslado do corpo para a Alemanha, o que deve ser feito nos próximos dias. “Os parentes foram avisados, mas não devem vir ao Brasil. O consulado é quem está cuidando do traslado do corpo”, finalizou.
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