Polícia mantém cautela em caso de mulheres mortas em GO
A Polícia Civil de Goiás mantém a cautela na divulgação de informações sobre o assassino, ou assassinos, de mulheres em Goiânia que provocou pelo menos 15 mortes na capital desde janeiro. O superintendente da Polícia Judiciária da Polícia Civil de Goiás, Deusny Aparecido Silva Filho, disse nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, que ainda não é possível apontar e divulgar um autor para as mortes de mulheres em Goiânia. Dois homens já foram presos pela força-tarefa que investiga os crimes desde o dia 4, mas, segundo o delegado, não há provas suficientes que os liguem aos fatos. “A Polícia Civil tem trabalhado arduamente, é claro, e os resultados vão surgindo. Mas até este momento não dá para a gente aclarear nada ainda que tenha de resultado que possamos passar para a imprensa”, justificou.
Um dos suspeitos presos, que foi capturado em Goiânia, tem o nome preservado, e está sendo investigado por participação em dois dos crimes, mas, segundo o delegado, não foi possível determinar se ele é mesmo culpado ou inocente. Sobre o outro suspeito já preso, capturado pela PM em São Luis de Montes Belos (a 135 quilômetros de Goiânia) na última sexta-feira, Deusny disse que ele não foi preso por ligação com o caso das mulheres, e sim como um motoqueiro suspeito de assaltos a comércio. “Nada o está vinculando, até agora, aos homicídios, mesmo que – nós sabemos – um dia anterior à morte da Ana Lídia ele utilizou uma motocicleta e assaltou uma panificadora nas proximidades. Também não podemos descartar até a investigação concluir”, afirmou.
Cuidado
Deusny lamenta a divulgação na imprensa, segundo ele prematura, de dados de identificação desse suspeito. “Ele foi preso exatamente pelos roubos ao comércio aqui na capital. Um órgão de imprensa divulgou o rosto e o vídeo dele dizendo que ele era o matador – por isso que eu chamo a atenção pela responsabilidade – isso fez com que nós nos preocupássemos com a própria vida dele”, disse.
O superintendente indicou que a polícia teme reações populares contra os suspeitos, e citou agressões fatais a suspeitos – e até inocentes – em Estados como São Paulo. “Esta questão é muito séria, muito perigosa. A gente mais uma vez chama a responsabilidade de todos, da sociedade, de vocês, dos próprios policiais para o cuidado que temos que ter na investigação”, disse. “É claro que nos preocupamos com as vidas das jovens assassinadas, mas nós não precisamos de falsos heróis aqui na instituição. Nós precisamos de ter um trabalho responsável e, quando levarmos à cadeia e indiciá-lo, certamente é porque temos prova e aí sim divulgaremos quem é o suspeito, quem é o autor”, afirmou Deusny.
Serial killer
Sobre a possibilidade de um assassino em série estar agindo em Goiânia, o delegado também foi cauteloso, mas lembrou que esta é apenas uma das linhas de investigação. “As linhas permanecem as mesmas. A polícia não descarta e nem afirma qualquer uma dessas linhas. Enquanto as investigações estiverem abertas, isso vai continuar desta forma. E a declaração nossa, da polícia, será esta: não vamos descartar nem afirmar qualquer hipótese”, disse o superintendente, não confirmando, novamente, se há ou não um mesmo suspeito para todas as ocorrências, um serial killer.
Deusny Aparecido também não confirmou, e nem descartou, se uma das linhas de investigação é relação dos crimes com assassinos de moradores de rua, nem se o caso de mais uma mulher estaria sendo incluído na investigação, tampouco se um dos investigados presos estava usando uma tornozeleira eletrônica, equipamento de monitoramento de apenados do regime semi-aberto. Disse, porém , que um caminhoneiro que teria visto um suspeito atirar na menina Ana Lídia, 14 anos, a última vítima investigada, morta no dia 2 de agosto, ajudou na confirmação de rota de fuga do suspeito deste crime.
Questionado sobre o sentimento de medo da população, o superintendente, no entanto, lembrou que todo cidadão deve manter, na atualidade, cuidados básicos com a segurança pessoal. “Todo mundo, homem, mulher, criança, jovem adulto precisamos ter atitudes sensatas de segurança, ações para que não sejamos mais uma vítima, ou para que não ajamos com a possibilidade de sermos vítimas”, alertou, citando evitar caminhar por lugares ermos e por ambientes hostis como algumas das recomendações.