Cracolândia: PM e GCM usam bombas e spray de pimenta em ação
A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) usaram bombas de gás e spray de pimenta contra os usuários de drogas da Cracolândia, na Luz, região central da capital paulista, em uma operação no final da manhã de hoje (8). Ao menos uma pessoa foi detida e outra teve de ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros ao ser ferida na ação.
A Cavalaria e a Força Tática cercaram e impediram durante algumas horas o acesso de pedestres e veículos às proximidades da Rua Helvetia, onde fica a maior concentração de usuários. Os funcionários dos serviços sociais e de saúde que trabalham na área eram abordados e revistados para poderem acessar os locais de trabalho. Segundo a prefeitura, houve tumulto durante a ação diária de limpeza quando a GCM encontrou uma moto roubada no local.
Foram usados diversos caminhões e uma escavadeira para recolher as barracas improvisadas e objetos dos moradores de rua que vivem na região. No início da tarde, os usuários estavam dispersos pelas ruas e praças próximas.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo foi procurada, mas ainda não respondeu à reportagem da Agência Brasil.
Novo local
Na quinta-feira da semana passada (31), uma outra operação policial forçou o deslocamento da aglomeração de usuários da Praça Julio Prestes para a chamada Praça do Cachimbo, na esquina da Rua Helvetia, onde eles estão atualmente.
Foi a quarta vez que o grupo de moradores e frequentadores da Cracolândia, conhecido como fluxo, mudou de lugar desde a megaoperação policial ocorrida em 21 de maio. Na ocasião, o prefeito João Doria chegou a anunciar o fim da Cracolândia, mas o número usuários na região ainda é considerável.
Nos últimos meses, a administração municipal colocou em funcionamento o Programa Redenção, em substituição ao De Braços Abertos, baseado em redução de danos, implantado pela gestão anterior. Foram instalados contêineres adaptados para pessoas fazerem pernoite, refeições e uso de banheiro. Um dos focos do programa é convencer os usuários a se internarem voluntariamente para fazer tratamento.
Porém, um relatório elaborado conjuntamente pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP), Defensoria Pública e conselhos de classe mostrou diversas falhas no Programa Redenção. Segundo o documento, a iniciativa da prefeitura é ineficaz.
Foram apontadas falhas como falta de alternativa à internação, inexistência de um projeto terapêutico individualizado, falta de profissionais nas unidades de saúde, ociosidade dos pacientes durante a internação e falta de acompanhamento após a desintoxicação.
O coordenador chefe do Programa Redenção, Arthur Guerra disse que todos os ajustes citados serão cumpridos.