Preso israelense que chefiou quadrilha de tráfico de órgãos
Já está preso no Recife o major da reserva do Exército de Israel, Gedálya Tauber, 78 anos, preso em 2003 durante a Operação Bisturi da Polícia Federal. A ação desmontou uma quadrilha internacional que traficava órgãos. O israelense estava foragido desde 2009 quando recebeu da Justiça o direito de se ausentar por 30 dias do país para visitar a mãe que estaria doente em Israel.
Gedálya Tauber foi preso em 13 de junho do ano passado em Roma, quando tentava entrar na Itália vindo num voo direto de Boston, nos EUA. Na época, os policiais italianos desconfiaram que o ex-militar estaria usando um passaporte falso. Ele foi preso quando detectaram que Tauber estava no cadastro de procurados da Interpol. A partir de então, o Brasil solicitou a extradição do israelense que só veio a acontecer nesse domingo.
Tauber chefiou uma organização criminosa que, em 2002, conseguiu aliciar por volta de 30 brasileiros moradores de bairros carentes do Recife e do interior de Pernambuco. A intenção era que essas pessoas vendessem os próprios órgãos. As vítimas eram levadas para a África do Sul, onde pacientes israelenses aguardavam por rins transplantados ilegalmente. As vítimas assinavam uma declaração falsa afirmando que quem estavam recebendo o órgão de um parente.
Cada cirurgia custava - para quem recebia o órgão - cerca de US$ 150 mil, valor que era dividido entre a quadrilha. Os integrantes do grupo chegavam a faturar 20 vezes mais do que os brasileiros que doavam o órgão. Gedálya Tauber recebeu uma pena de 11 anos e nove meses de prisão, que depois reduzida para 8 anos e 9 meses.
Além de Tauber, 12 pessoas foram presas no Brasil, consideradas as aliciadoras dos doadores. Em Israel, duas pessoas também foram presas por fraude contra o sistema de saúde do país. Já na África do Sul, 20 médicos e enfermeiros que faziam os procedimentos cirúrgicos também foram presos.
Com a conclusão das investigações, foi constatado que 47 pessoas haviam sido levadas para o Hospital Sant Agostini, em Durban, na África do Sul, para fazer a retirada dos rins. Elas recebiam entre R$ 5 mil a R$ 30 mil em cada procedimento. A estimativa da Polícia Federal é que a quadrilha tenha lucrado , aproximadamente, US$ 4 milhões com o tráfico.
Agora Gedálya Tauber deve cumprir todo o restante da pena em regime fechado. Isso significa que ficará preso até 2018. Tauber deve passar os próximos 15 dias no Cotel, Centro de Triagem, no município de Abreu e Lima, região metropolitana do Recife. Em seguida deve ser levado para o o presídio Aníbal Bruno.
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