Quatro mil PMs estarão de prontidão em Brasília à espera dos protestos
A Polícia Militar prometeu agir de maneira mais incisiva em relação aos manifestantes violentos que atuarem nesta quarta-feira no Distrito Federal. A previsão é que aproximadamente 4 mil policiais do Regimento de Cavalaria, da Tropa de Choque, do Batalhão de Cães e do Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam) fiquem de prontidão. Militares das Forças Armadas também estarão em alerta, caso a segurança precise de mais apoio.
Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas em todo o País
Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos
As principais avenidas de Brasília serão bloqueadas para o trânsito. De acordo com a PM, são esperadas 50 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Os veículos estarão autorizados apenas a sair da Esplanada. O trânsito será desviado para os eixos Sul e Norte.
No início da manhã, em Brasília, foram colocadas bolas de futebol em frente ao Congresso Nacional como forma de cobrar dos parlamentares as mudanças reivindicadas nas ruas. Além disso, um grupo de manifestantes fincou, no local, cruzes de papel para exigir o fim da corrupção no País.
À tarde, um grupo contrário ao projeto sobre a "cura gay" - que permite que psicólogos promovam tratamentos em busca da reversão da orientação sexual das pessoas, aprovado no último dia 18 na Comissão de Direitos Humanos na Câmara - fará concentração na Praça dos Três Poderes.
Cerca de 400 policiais farão a revista nas mochilas dos manifestantes que saírem da rodoviária em direção à Esplanada dos Ministérios. A ideia é diminuir, ao máximo, a quantidade de objetos que possam ser usados em confrontos, como garrafas, rojões, bombinhas e facas.
"Os manifestantes pacíficos terão o direito garantido e a Polícia Militar estará lá para dar proteção a eles. Mas aqueles que estiverem cometendo crime terão tratamento específico de criminoso. Serão detidos e conduzidos à delegacia da área", explicou ontem o tenente-coronel da PM Zilfrank Antero.
O crescente número de manifestações - assim como os acontecimentos da semana passada que levaram a depredações na Esplanada dos Ministérios - levou o governo do Distrito Federal a reforçar a segurança.
Protestos
Uma série de manifestações está prevista para a tarde de hoje, em Brasília. No início da tarde, o Movimento Juntos faz um protesto em frente ao gramado do Congresso Nacional para pedir a saída do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara.
Na carta que será enviada pelo movimento ao presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pede-se que o Congresso "escute a voz das ruas" e "respeite a vontade popular". O documento é assinado pelo Movimento Juntos e por outras seis organizações para os direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT). Na nota, os representantes LGBTs dizem que Marco Feliciano fere os Direitos Humanos em sua atuação na Casa.
Para o final da tarde, também está marcada uma mobilização em frente ao Congresso Nacional. O Movimento Ocupa Brasília (MOB), que ocorrerá em diversas cidades brasileiras simultaneamente, tem mais de 55 mil confirmações de presença em redes sociais só para a capital.
A pauta de reivindicações do MOB inclui o arquivamento da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33 - que tira do Supremo Tribunal Federal a última palavra sobre a constitucionalidade das leis editadas pelo Congresso; a saída do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Congresso; a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Copa; a aprovação do projeto de lei que classifica a corrupção como crime hediondo; o arquivamento do projeto de lei que transforma manifestação em ato de terrorismo; além da participação popular na reforma política. Sobre esse último ponto, o governo estuda qual a melhor forma de garantir a participação população na reforma.
O Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) informou que está em alerta para a possibilidade de paralisação do transporte público na cidade. Desde o meio dia, as vias de acesso à Esplanada dos Ministérios foram interditadas, segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Também está prevista uma mobilização em frente ao Ministério da Saúde, na Esplanada.
Quinta-feira
Para esta quinta-feira, a União Nacional de Estudantes (UNE) convocou uma manifestação para reforçar a aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE), que destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. Ontem, a Câmara aprovou a lei do Executivo que vai destinar 75% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação pública, com prioridade para a educação básica. A concentração da manifestação será às 9h, no Museu Nacional da República, próximo à Catedral, no centro de Brasília.
"A manifestação é uma forma de pressionar as autoridades para dar a atenção necessária à educação e aos temas da juventude. Enquanto houver a imensa defasagem na qualidade da educação pública do país, professores mal pagos, infraestrutura precária e outros desafios, não resolveremos problemas históricos do Brasil. É inadmissível que o Plano Nacional de Educação esteja há mais de dois anos e meio no Congresso sem perspectiva de aprovação imediata", disse, em nota, a presidenta da UNE, Vic Barros.
Na pauta da UNE também estão o apoio ao passe livre estudantil, à reforma política, ao fim do financiamento público de campanhas eleitorais, à saída do deputado Feliciano da CDH e à democratização dos meios de comunicação.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
Protestos criticam a Copa e pedem melhores condições de vida pelo País