Renato Cariani: Traficante citou empresa de fisiculturista em esquema de desvio de produtos químicos
Condenado por tráfico de drogas afirmou, em depoimento dado em 2016, que retirava produtos químicos na empresa em que Cariani é sócio
A empresa química Anidrol, que tem o influenciador fitness Renato Cariani, 47, como um de seus sócios, foi citada por um homem condenado por tráfico de drogas. Em depoimento, o criminoso, que foi encontrado com produtos da empresa, afirmou que recebia o material da própria Anidrol, segundo revelado pela Polícia Federal.
A Anidrol e Cariani, além de outras 12 pessoas, foram alvos da Operação Hinsberg da PF, executada na última terça-feira, 12. Na ocasião, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Entre os endereços investigados estão a sede da Anidrol, em Diadema (SP), e a mansão do influenciador, sócio da empresa desde 2008.
Segundo a PF, Cariani usava o nome de farmacêuticas para mascarar um esquema de desvio de produtos químicos para a produção de drogas. Um levantamento feito pelas investigações apontou uma estimativa dos repasses para o crime, realizado como transações legais em nome de grandes indústrias, revelou neste domingo, 17, o Fantástico.
Para apenas uma das supostas empresas, a PF aponta as seguintes vendas:
- três tipos de solventes - os 2.050 litros desviados, no total, podem produzir 1.640kg de cocaína
- substâncias em pó que podem servir para adulterar a mesma droga e poderiam produzir 15,8 toneladas da droga
- 4.875kg de fenacetina, que podem gerar 12,2 toneladas de crack
A Anidrol já tinha estado sob a mira da Receita Federal, em 2015, após supostas transações com a multinacional AstraZeneca. A empresa alegou, porém, que tais produtos químicos jamais ingressaram em suas dependências e que não adquire as substâncias de fornecedores nacionais.
Em 2016, um condenado por tráfico de drogas revelou, em depoimento, que buscava os produtos usados na produção de drogas na Anidrol.
Cariani apresentou à Polícia Civil, no caso das notas falsas, uma troca de e-mails com um suposto representante da farmacêutica: Augusto Guerra, que assinava diretor nacional de compras da empresa. O inquérito nunca chegou a apontar quem seria Augusto e o caso foi arquivado em 2023.
O suposto diretor da AstraZeneca foi apontado pela PF como nome fictício usado por Fábio Spinola, proprietário de uma loja de estética automotiva em Diadema. Segundo as investigações, foi Fábio quem criou o e-mail falso sob a alcunha de Augusto Guerra. No celular dele, foram encontrados os dados referentes ao endereço eletrônico usado nas comunicações com a empresa.
Em maio de 2023, Spinola foi alvo da Operação Downfall, que desarticulou um esquema de carregamento de drogas em cascos de navios, com destino à Europa, com a ajuda de mergulhadores. Solto em novembro, foi encontrado com tornozeleira eletrônica e com R$ 100 mil em dinheiro em sua casa na operação desta semana.
O Terra tenta contato com as defesas de Fábio Spinola e Renato Cariani. O espaço segue aberto para manifestação.
Operação Hinsberg
O influenciador fitness Renato Cariani virou alvo de uma operação da Polícia Federal contra o tráfico de drogas e desvio de produto químico utilizado na produção de crack. Além dele, a PF também investiga a empresa química Anidrol, localizada em Diadema, na grande São Paulo.
Denominada Operação Hinsberg, a ação tem como objetivo acabar com a organização criminosa que desviou produtos químicos para produção de drogas, com o cumprimento de 18 mandados de busca e apreensão em endereços de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
As investigações também apontam que eram usadas várias metodologias para ocultar e dissimular a procedência ilícita dos valores recebidos, como interpostas pessoas, ou ‘testa-de-ferro’, e empresas fictícias. Cariani é um dos suspeitos de integrar o grupo criminoso, segundo o jornal O Globo.
Os investigados podem responder pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro. As penas podem ultrapassar 35 anos de prisão.
A ação foi realizada pela Polícia Federal, em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco do MPSP) de São Paulo, e a Receita Federal.
Renato Cariani é um dos maiores influenciadores do mundo fitness no Brasil. Em seu perfil no Instagram, ele possui mais de 7,3 milhões de seguidores, além de outros 6,3 milhões de inscritos no YouTube. Em seu site, ele afirma que é formado em Administração de Empresas, Química e Educação Física.