RJ: 70 policiais da UPP da Rocinha são trocados após caso Amarildo
Setenta policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha começaram a ser substituídos nesta segunda-feira por agentes de outras UPPs da zona sul do Rio de Janeiro. A Polícia Militar confirmou a transferência dos agentes depois que os policiais pediram para deixar a UPP da Rocinha devido ao aumento da violência contra a PM na região após o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo dos Santos.
Vinte e cinco policiais da UPP foram indiciados por envolvimento com sequestro, tortura e possível morte de Amarildo. O chefe das UPPs, coronel Frederico Caldas, decidiu substituir os 70 agentes a partir de hoje - eles estão sendo transferidos de acordo com os turnos de trabalho. A substituição ocorreu por meio de permuta.
Nesta segunda-feira, o coronel Caldas se reúne com outras autoridades com o objetivo de adotar novas medidas de segurança para policiais das UPPs. "Vamos colocar lá policiais mais experientes", disse ele.
Nesse fim de semana, mais um policial morreu vítima da violência, que vem aumentando nas áreas de UPP nas últimas semanas. O soldado Melquisedeque dos Santos trabalhava na UPP Parque Proletário, no Complexo do Alemão, e foi atingido por um tiro disparado por traficantes durante uma troca de tiros.
O coronel Caldas negou que haja qualquer articulação de bandidos no aumento de número de ataques a PMs nas comunidades. Ele também negou a intenção de mudar o patrulhamento nessas regiões. "Mas vamos aumentar o número de polícias nas rondas dos becos", admitiu o chefe das UPPs.
O Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) faz operações em comunidades do Alemão (Vila Cruzeiro e na Covanca) em busca dos autores do assassinato do soldado. Na madrugada de domingo, muitos moradores reclamaram de tiroteios constantes na Rocinha. No Complexo do Alemão, os tiroteios entre traficantes e policiais têm sido frequentes nas últimas semanas.
O sumiço de Amarildo
Amarildo sumiu depois de ser levado por PMs para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que o pedreiro foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem Amarildo saindo da UPP, pois as câmeras de vigilância que poderiam registrar a saída dele não estavam funcionando.
"Eles alegavam que o tráfico esperava o Amarildo no ponto da escada da Dionéia (onde estaria localizada a câmera que não teria funcionado, de acordo com os acusados). Onde já se viu, o tráfico operar em frente à UPP. E eles ainda não contavam que uma outra câmera, mais para o fim da escada, estava em pleno funcionamento e não registrou a passagem do pedreiro como eles alegavam", disse a promotora e integrante do Gaeco Carmen Eliza Bastos de Carvalho.
Os dez primeiros PMs denunciados e já presos negam participação no crime. O corpo de Amarildo segue com paradeiro desconhecido - no último dia 27 de setembro, uma ossada foi localizada no município de Resende, no sul do Estado do Rio de Janeiro. A necrópsia realizada, no entanto, não foi esclarecedora e um novo exame será realizado a fim de concluir o relatório para definir se trata-se, ou não, do ajudante de pedreiro morador da Rocinha.