RJ: desembargadora questiona autoridades após tiroteio em fórum
Após a tentativa de invasão do Fórum de Bangu, que resultou na morte de um policial militar e do menino Kayo da Silva Costa, 8 anos, que passava perto do prédio, a desembargadora Leila Mariano rechaçou as críticas à ação do tribunal. “Esse atentado é uma questão de segurança pública, não de segurança institucional. Onde estavam os órgãos de inteligência? Onde estavam os órgãos repressores?”, questionou a desembargadora durante uma coletiva realizada nesta segunda-feira na sede do Tribunal de Justiça, no centro do Rio de Janeiro.
Para a desembargadora, não houve falha na segurança, uma vez que o resgate dos presos foi frustrado e o momento é de reflexão. Mariano, que se reúne amanhã com o governador Sérgio Cabral e com o secretário de segurança José Mariano Beltrame, classificou a ação dos criminosos como única na história do País e lamentou as mortes de Kayo e do PM Alexandre Rodrigues de Oliveira, 39 anos. “O que houve no dia 31 no fórum foi um verdadeiro atentado, algo nunca ocorrido antes no nosso Estado e creio que em nenhum outro Estado da Federação”, afirmou.
O tiroteio ocorreu quando 15 homens armados tentaram resgatar um traficante que estava no Fórum para uma audiência. Eles trocaram tiros com PMs que faziam a segurança do local. Os homens fugiram, mas o traficante que seria alvo deles não foi resgatado. Kayo foi atingido quando voltava do treino na escolinha de futebol do Bangu Atlético Clube e morreu no local.
A desembargadora defendeu a discussão de soluções, entre elas a redução dos trajetos percorridos pelos presos até as salas de audiência, e o uso de videoconferência, e rechaçou a possibilidade de serem realizadas audiências dentro dos presídios. “O caminho não é levar o fórum para o presídio, não é levar advogados, juízes e, principalmente, as partes para lá. O que precisamos é usar os meios eletrônicos”, afirmou.
Segundo a desembargadora, é papel da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) avisar sobre a periculosidade dos presos. “Naquele momento em uma das salas de sessão havia oitiva do Comando Vermelho e em outra do ADA (Amigos dos Amigos). Houve o pedido de segurança, tanto que nenhum preso fugiu, tanto que a ação foi frustrada. O nome do preso, o nome comum, não é o nome de guerra pelo qual ele é conhecido”, disse ao lembrar que a Seap já desaconselhou audiências em outros momentos.