RJ: Justiça manda transferir major e tenente presos por morte de Amarildo
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), obteve nesta quinta-feira na Justiça a transferência do ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, major Edson Raimundo dos Santos, e do ex-subcomandante da mesma UPP, tenente Luiz Felipe de Medeiros, da Unidade Especial Prisional (UEP) para o presídio Bangu 8. Eles estão presos com outros oito policiais militares acusados da tortura e morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza.
A transferência foi solicitada pelo MP-RJ para que os oficiais não influenciem os outros PMs acusados do crime, o que facilitaria as investigações. Na segunda-feira, a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho afirmou que o major Edson Santos ainda exerce forte influência sobre os policiais que estão envolvidos ou podem colaborar com as investigações sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro.
"A pressão do major Edson é inequívoca. Ele tem um domínio sobre os outros policiais. É preciso que ele seja afastado dos outros. Seria essencial para a coleta de provas ele ser transferido do BEP (Batalhão Especial Prisional, como era chamado)", afirmou a promotora, na ocasião.
Um policial militar que revelou detalhes da tortura que resultou na morte de Amarildo afirmou em depoimento que o major orientou a tropa a mentir sobre o crime. Segundo a testemunha, o major reuniu parte da tropa da UPP três dias depois do desaparecimento do ajudante de pedreiro e deu orientações em tom de intimidação. Ele teria instruído os policiais a dizerem que Amarildo tinha sido levado para a base da UPP e liberado pelo próprio major depois de uma averiguação.
O sumiço de Amarildo
Amarildo sumiu depois de ser levado por PMs para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que o pedreiro foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem Amarildo saindo da UPP, pois as câmeras de vigilância que poderiam registrar a saída dele não estavam funcionando. Dez PMS foram presos e serão julgados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.