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Polícia

RJ: miliciano preso recebeu visitas de coronel da PM e delegado da PF

30 mai 2011 - 02h19
(atualizado às 02h24)
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João Antônio Barros
Vania Cunha

Uma rede de amizades. Em três semanas de prisão numa cela do Batalhão de Choque da Polícia Miliar, no Estácio, o sargento Marcos Vieira de Souza, o Falcon, recebeu a visita de 162 pessoas entre os dias 15 de abril e 9 de maio. Uma romaria à cela com direito a entrada de agentes de quase todas as forças de segurança. Em especial, de oficiais da PM, de um delegado da Polícia Federal e até do vice-presidente do Tribunal de Contas do Município do Rio, José de Moraes Correia Neto.

Na lista de visitantes ilustres estão o coronel Marcos Alexandre Santos de Almeida - responsável pelo 5º Comando de Policiamento de Área (Volta Redonda) - e o delegado federal Victor César Carvalho dos Santos.

Mais dois oficiais da PM - major da 1º Delegacia de Polícia Judiciária Militar e um tenente que não identificou o local da lotação - também foram ao Batalhão de Choque falar com Falcon, acusado de comandar milícia em Madureira e Oswaldo Cruz. Ele foi preso no dia 14 de abril na porta da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE).

A PM é que detém a liderança absoluta no ranking de visitas ao sargento. Além dos três oficiais, mais quatro praças também estiveram no Choque. Para completar a lista de agentes de segurança que foram encontrar Falcon, três inspetores da Polícia Civil, três bombeiros e dois cabos da Marinha assinaram o livro de presença.

O vai e vem no batalhão foi bem intenso: chega a média de 54 pessoas por semana ou oito por dia. E pode ser ainda maior: algumas das visitas estiveram mais do que uma vez na companhia de sargento Falcon. Por lá passaram ainda cinco pessoas que se identificaram como empresários, um assessor parlamentar, dois pastores, professores e até o capelão auxiliar da PM.

Carro blindado com armas

Falcon foi preso por agentes da Corregedoria da Polícia Civil quando levava o miliciano Paulo Ferreira Júnior, o Paulinho do Gás, para se apresentar à Draco. Dentro de sua Pajero blindada, havia pistolas, 590 cápsulas e R$ 33 mil.

O sargento está no Batalhão de Choque desde o dia 15 de abril. Para não ser levado ao Batalhão Especial Prisional (BEP), ele alegou risco de vida por já ter prendido policiais. Falcon responde por porte de armas e ligação com as milícias. Durante anos, ele foi cedido pela PM à Polícia Civil.

Explicações

A Corregedoria da PM investiga a lista de visitas de Falcon. O coronel Marcos Alexandre justificou, por meio da assessoria de imprensa da corporação, que "os dois encontros com o sargento foram para uma investigação reservada da PM". Quarta-feira, o Conselho Superior de Comando da corporação se reúne para analisar o caso. O oficial pode ser punido por grave violação da disciplina.

O delegado Victor César disse que foi ao batalhão para avaliar as acusações contra o PM. "Conheço o Falcon há muito tempo. Inclusive, fazemos uma grande investigação a partir de uma informação que ele nos trouxe", justificou. O DIA entrou em contato com a assessoria do TCM, mas José Moraes não foi localizado.

Fonte: O Dia
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