O corpo do dançarino Douglas Rafael Silva, o DG, foi sepultado no cemitério São João Batista debaixo de chuva e de gritos de revolta dos moradores, amigos e integrantes do programa Esquenta, da TV Globo. Aos gritos de “Polícia Assassina” e “Fora UPP”, centenas de moradores pediam por justiça enquanto cantavam funks que exaltavam o lado trabalhador do dançarino e o ódio que a comunidade está sentindo. Revoltada mas serena, a fisionomia da mãe de DG, Maria de Fátima Silva, contrastava com o desespero de Larissa, namorada e mãe de Lara, filha de 4 anos do rapaz. “A filha dele está em casa esperando ele. O que eu vou falar para ela? Levanta daí meu amor”, dizia Larissa, que teve que ser retirada do local antes do sepultamento.
As pessoas da comunidade do Pavão/Pavãozinho saíram em seguida em uma caminhada através do Túnel Velho em direção à comunidade que fica no bairro de Copacabana. Durante o trajeto, era possível perceber a tensão entre as pessoas, quase todas de camisa branca com a foto de DG, e os policiais que faziam a escolta. O trânsito entre Botafogo e Copacabana chegou a ficar interrompido no trecho. Alguns moradores chegaram a ameaçar jornalistas e no fim um grupo comandado pela ativista Elisa Sanz, a Sininho, chegou a puxar um grito de “Não Vai ter Copa”, mas que não encontrou eco entre os amigos de Douglas.
Para o advogado que acompanha a família de Douglas nesses primeiros momentos, não é possível afirmar que Douglas se tornaria um novo Amarildo, cujo corpo nunca foi encontrado depois de ter sido torturado e morto na Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha, também na Zona Sul, no mês de julho do ano passado. “Não posso afirmar que Douglas seria um novo Amarildo, mas a comunidade percebe que há indícios de que se não forçasse a barra para ter acesso ao corpo dele, algo poderia ter acontecido nesse sentido”, conta Rodrigo Mondego, representante da OAB.
Para Mondego duas testemunhas podem ser chave em todo o inquérito. A primeira é o ator Paulo Henrique, conhecido como Hulk, amigo de DG. “Ele contou que no sábado ele, DG e o grupo Bonde da Madrugada, da qual Douglas fazia parte, tinham sido ameaçados por um policial, que disse que todos eles eram bandidos”, contou. O advogado falou ainda sobre outra testemunha, uma mulher que teria sido a última a ver Douglas Rafael com vida já nas mãos dos policiais da UPP. “Ela ainda não está decidida a depor, mas vamos conversar com ela para tentar convencê-la”, disse.
Copacabana, no Rio de Janeiro, amanheceu em clima de tensão depois do protesto e tiroteio após morte de um dançarino em favela no entorno da comunidade Pavão-Pavãozinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira foi encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na terça-feira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo o advogado da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil que acompanha a família da vítima, DG, como era conhecido, já havia se desentendido com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Douglas foi encontrado morto na tarde de terça- feira e a morte dele motivou um protesto com objetos incendiados, um morto e ruas interditadas
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo o advogado Rodrigo Mondego, a família de Douglas quer esclarecer vários indícios sobre o corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A declaração de óbito de Douglas aponta 'ferimento transfixante' como causa da morte
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Muito provavelmente isso é tiro. É um objeto que perfurou o tórax", disse o advogado
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A polícia, no entanto, disse que não há marcas de tiros no corpo de Douglas
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O dançarino foi achado em uma parte estreita de uma creche da favela por um morador que chamou a polícia
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O advogado disse que a família estranhou o fato de o corpo ter sido achado molhado, apesar de não ter chovido na região e da área não ter saída de água
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"O rosto dele estava muito machucado, como se tivesse apanhado muito", disse o advogado Rodrigo Mondego
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Douglas foi visto vivo à 1h de terça-feira (22) e o corpo foi encontrado horas depois, às 14h. Ele morava com a mãe em Copacabana e deixou uma filha de 4 anos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores da favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, no Rio de Janeiro, protestaram na noite desta terça-feira contra a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, 25 anos, dançarino de um programa de auditório da Rede Globo
Foto: Murilo Rezende / Futura Press
Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) afirmam que foram chamados por moradores para retirar o corpo de Douglas de dentro de uma escola. ONGs que atuam na área disseram terem ouvido relatos que o dançarino teria morrido após ser espancado por policiais da UPP
Foto: Murilo Rezende / Futura Press
Objetos foram incendiados, barricadas montadas e a estação do metrô da rua Sá Ferreira foi fechada
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
A manifestação interditou vias importantes do bairro, como a avenida Nossa Senhora de Copacabana e o túnel Sá Freire Alvim
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Um homem aparentando 30 anos levou um tiro na cabeça durante os protestos e já chegou morto ao hospital
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Um menino de 12 anos também foi baleado. Segundo relato de moradores, o garoto, que tem problemas mentais, descia uma ladeira com as mãos para cima no momento em que foi atingido
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Douglas em participação no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé, no qual atuava como dançarino: "S2 REGINA & D.G S@", escreveu ele na legenda
Foto: Facebook / Reprodução
Na foto, Douglas posa com a funkeira Valesca Popozuda: "Desejo a todos inimigos vida longa!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas posa com a funkeira Anita: "Minha Esposaa rsrsrsrsr SQN !!!! ANITTA s2", escreveu ele na legenda da foto usada em seu perfil no Facebook. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas ao lado do músico Gabriel o Pensador: "Ele é o Cara!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas ao lado da cantora Cláudia Leite: "Eu & Ela Claudia Leite", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Maria de Fátima da Silva comparou a morte do filho, o dançarino DG, ao desaparecimento de Amarildo e disse que "UPPs são uma farsa"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Laudo do IML mostra as causas da morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Maria de Fátima foi à delegacia prestar depoimento e mostrar o laudo da perícia que contém o atestado de óbito apontando como causa de morte uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Documento de identidade do dançarino do Esquenta, Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Tenho certeza de que ele foi torturado", afirmou a mãe do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A mãe do dançarino falou que gostaria de ficar com uma memória alegre do filho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Ela diz ter a convicção de que Douglas foi torturado antes de morrer
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Maria de Fátima da Silva, mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, vela o filho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A Polícia Civil confirmou que havia uma perfuração de tiro no corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Na entrada do velório, Maria de Fátima disse ao Terra que se a perícia sobre a causa da morte não for correta, ela mesma desenterrará o corpo
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse em entrevista coletiva que não descarta hipótese de policiais terem matado Douglas
Foto: Governo do Rio / Divulgação
Amigos mototaxistas dão último adeus no funeral do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho
Foto: Ale Silva / Futura Press
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A apresentadora Regina Casé participa do enterro de DG, dançarino de seu programa, Esquenta
Foto: Douglas Schineidr / Jornal do Brasil
Policiais se preparam para a reconstituição da morte de DG na favela Pavão-Pavãozinho
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Para a reconstituição, equipes da polícia interditaram uma área no alto do morro, perto da creche onde o dançarino foi encontrado morto
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Policiais durante a reconstituição da morte de DG. Ao fundo, os moradores pintaram o rosto do dançarino na parede de um barraco, com inscrições "Justiça Douglas DG"
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Os peritos colocaram uma escada, apoiada no muro de trás da creche onde DG foi encontrado morto.