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Polícia

RJ: revoltada, comunidade pede saída da UPP no enterro de DG

24 abr 2014 - 16h27
(atualizado às 16h58)
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<p>Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.</p>
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O corpo do dançarino Douglas Rafael Silva, o DG, foi sepultado no cemitério São João Batista debaixo de chuva e de gritos de revolta dos moradores, amigos e integrantes do programa Esquenta, da TV Globo. Aos gritos de “Polícia Assassina” e “Fora UPP”, centenas de moradores pediam por justiça enquanto cantavam funks que exaltavam o lado trabalhador do dançarino e o ódio que a comunidade está sentindo. Revoltada mas serena, a fisionomia da mãe de DG, Maria de Fátima Silva, contrastava com o desespero de Larissa, namorada e mãe de Lara, filha de 4 anos do rapaz. “A filha dele está em casa esperando ele. O que eu vou falar para ela? Levanta daí meu amor”, dizia Larissa, que teve que ser retirada do local antes do sepultamento.

As pessoas da comunidade do Pavão/Pavãozinho saíram em seguida em uma caminhada através do Túnel Velho em direção à comunidade que fica no bairro de Copacabana. Durante o trajeto, era possível perceber a tensão entre as pessoas, quase todas de camisa branca com a foto de DG, e os policiais que faziam a escolta. O trânsito entre Botafogo e Copacabana chegou a ficar interrompido no trecho. Alguns moradores chegaram a ameaçar jornalistas e no fim um grupo comandado pela ativista Elisa Sanz, a Sininho, chegou a puxar um grito de “Não Vai ter Copa”, mas que não encontrou eco entre os amigos de Douglas.

Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra

NOVO AMARILDO

Para o advogado que acompanha a família de Douglas nesses primeiros momentos, não é possível afirmar que Douglas se tornaria um novo Amarildo, cujo corpo nunca foi encontrado depois de ter sido torturado e morto na Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha, também na Zona Sul, no mês de julho do ano passado. “Não posso afirmar que Douglas seria um novo Amarildo, mas a comunidade percebe que há indícios de que se não forçasse a barra para ter acesso ao corpo dele, algo poderia ter acontecido nesse sentido”, conta Rodrigo Mondego, representante da OAB.

Para Mondego duas testemunhas podem ser chave em todo o inquérito. A primeira é o ator Paulo Henrique, conhecido como Hulk, amigo de DG. “Ele contou que no sábado ele, DG e o grupo Bonde da Madrugada, da qual Douglas fazia parte, tinham sido ameaçados por um policial, que disse que todos eles eram bandidos”, contou. O advogado falou ainda sobre outra testemunha, uma mulher que teria sido a última a ver Douglas Rafael com vida já nas mãos dos policiais da UPP. “Ela ainda não está decidida a depor, mas vamos conversar com ela para tentar convencê-la”, disse.

Fonte: Especial para Terra
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