A Justiça do Rio Grande do Sul negou no final da manhã desta quarta-feira o pedido da defesa do médico Leandro Boldrini para transferir o processo da morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, para a Comarca de Frederico Westphalen (RS). De acordo com a decisão do juiz Marcos Luís Agostini, a competência para concluir os atos de investigação e para o processamento de eventual ação penal seguirá com a 1ª Vara Judicial de Três Passos, cidade onde o menino morava com o pai e a madrasta Graciele Ugulini, presos pelo crime, junto com a assistência social Edelvânia Wirganovicz.
Segundo o magistrado, de acordo com as provas colhidas até o momento, em especial as declarações de Edelvânia, a execução do homicídio começou em Três Passos, mesmo que o corpo tenha sido enterrado no município vizinho. Outro ponto citado pelo juiz é o fato de Edelvânia ter relatado que a madrasta já teria tentado matar o garoto anteriormente, mediante sufocamento, com um travesseiro, na casa da família em Três Passos. Além disso, a primeira injeção de medicamento para matar Bernardo foi dada em Três Passos e, em seguida, em Frederico Westphalen.
Ontem, o advogado Jader Marques, que representa Boldrini, questionou a competência da comarca de Três Passos em julgar o caso da morte do filho do cirurgião. Segundo Marques, o Código Penal determina que a competência é do local onde o crime foi consumado. "O artigo 70, caput, do Código de Processo Penal (CPP), adotou a teoria do resultado. Aplicada essa regra, sem qualquer interpretação, seria competente o Foro da Comarca de Frederico Westphalen. Porém, não é esse o entendimento predominante na doutrina e jurisprudência dos Tribunais, preponderando como foro competente o local onde se iniciaram atos executórios, ainda que diverso o lugar onde consumado o crime", justificou Agostini.
Conforme o magistrado, o juízo da Comarca de Três Passos conheceu da causa primeiramente e praticou atos considerados decisórios, pois concedeu ordem de busca e apreensão e também decretou a prisão temporária dos investigados. "Dessa forma, está prevento, conforme o disposto no artigo 83 do CPP. "O dispositivo estabelece que quando dois ou mais juízes são igualmente competentes, prevalece o que já tiver anteriormente praticado alguma medida ou ato do processo, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia", completou.
Defesa dos presos
O advogado Demétryus Grapiglia assumiu a defesa da assistente social Edelvânia. A madrasta Graciele é defendida por Vanderlei Pompeu de Mattos. Já o pai do menino, o médico Leandro, tem como advogado Jader Marques.
O caso
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos (RS), após – segundo a versão da família - dizer ao pai que passaria o fim de semana na casa de um amigo. O corpo do garoto foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen (RS), dentro de um saco plástico e enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de envolvimento no crime. Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado antes de ser morto, possivelmente com uma injeção letal.
Corpo do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, que estava desaparecido desde o dia 4 de abril, foi encontrado na noite de segunda-feira em Frederico Westphalen (RS)
Foto: Facebook / Reprodução
Na mesma noite em que corpo foi encontrado, o pai e a madrasta do menino foram presos por suspeita de envolvimento na morte
Foto: Facebook / Reprodução
Assistente social Edelvânia Wirganovicz está presa e confessou ter participado do assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos
Foto: Facebook / Reprodução
Bernardo morava com o pai, a madrasta e a meia-irmã de 1 ano em Três Passos (RS)
Foto: Facebook / Reprodução
A avó materna, que acusa pai e madrasta, com o menino Bernardo
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Certidão de óbito de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, diz que ele morreu no dia em que desapareceu, 4 de abril
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Depois do velório em Três Passos (RS), cidade onde Bernardo morava com o pai e a madrasta, o corpo do menino seguiu para Santa Maria (RS), onde familiares e amigos se despedem na capela 3 do Hospital de Caridade
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Brinquedos, fotografias, cartazes e flores foram colocados no entorno do caixão de Bernardo
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Amigos fizeram uma faixa em homenagem ao menino: "nosso anjo"
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Velório de Bernardo foi marcado por muita emoção em Santa Maria (RS)
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Avó materna Jussara Uglione (C), 73 anos, chega para o velório de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, na capela 3 do Hospital de Caridade de Santa Maria (RS)
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Corpo do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, foi enterrado na manhã desta quarta-feira no Cemitério Municipal de Santa Maria (RS) junto ao túmulo da mãe, morta em 2010
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Avó materna de Bernardo, Jussara Marlene Uglione, 73 anos, acompanhou o enterro do neto
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Dezenas de pessoas acompanharam o enterro do menino Bernardo Uglione Boldrini
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Bernardo foi enterrado junto ao túmulo da mãe, morta em 2010
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Amigos e familiares acompanharam o enterro do menino Bernardo Uglione Boldrini na manhã desta quarta-feira
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Avó materna Jussara Uglione (C), 73 anos, deixa o Cemitério Municipal de Santa Maria (RS) após o enterro do neto Bernardo
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Comunidade de Três Passos (RS) fez nesta terça-feira uma nova passeata pedindo Justiça no caso da morte do menino Bernardo Uglione Boldrini
Foto: Felipe Franke / Terra
Alzira Pretto (direita) era vizinha de Bernardo e defendeu a permanência dos suspeitos na cadeia: "se a Justiça soltar, a gente vai fazer justiça com as próprias mãos", ameaçou
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Passeata reuniu pais, vizinhos, conhecidos e colegas do menino Bernardo
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Caminhada começou na praça Remeu Geraldino Mertz, passou pelo Fórum e terminou em frente à casa onde o menino morava
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Uma das testemunhas disse que é muito difícil cavar onde o corpo foi encontrado
Foto: Felipe Franke / Terra
É uma terra dura, com muitas raízes de árvore. É muito difícil de cavar, disse um policial militar aposentado que denunciou à Polícia Civil a presença do carro do irmão da assistente social Edelvânia Wirganovicz próximo ao local
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Dois dias depois do crime, o militar encontrou Edelvânia no local. Questionada, sobre o que fazia ali, ela disse que parou para molhar os pés em um rio próximo junto com uma sobrinha que estava com ela
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Menino Bernardo foi enterrado em uma cova no interior de Frederico Westphalen
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Local recebeu flores e uma cruz foi colocada
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Cova onde o corpo do menino Bernardo foi enterrado tem cerca de um metro de profundidade
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Militar disse que duvida que uma mulher, mesmo com equipamento adequado, tivesse força muscular suficiente para cavar um buraco no local
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Homenagens foram colocadas no local onde corpo de Bernardo foi enterrado
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Em coletiva, delegada explica indiciamento do pai e da madrasta de Bernardo
Foto: Felipe Franke / Terra
Inquérito da Polícia Civil indiciou pai, madrasta e amiga pela morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos,
Foto: Polícia Civil / Divulgação
Através da grade e dos cartazes, amigas olham a casa onde Bernardo vivia
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
Passeata pediu justiça à véspera de um mês da descoberta do corpo do menino, encontrado no dia 14 de abril
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
Imagem da Polícia Civil durante apresentação das conclusões e deliberações do inquérito