SC: PF indicia 12 vereadores de Florianópolis por corrupção
De acordo com o delegado, existem provas “robustas” do envolvimento dos vereadores em recebimento de dinheiro para a aprovação do projeto da Cidade Limpa
A Polícia Federal indiciou 12 vereadores de Florianópolis por envolvimento com fraudes e atos de corrupção na chamada Operação Ave de Rapina. O número de indiciados representa mais da metade da Câmara da capital catarinense, composta por 23 parlamentares.
De acordo com as informações divulgadas pelo delegado Allan Dias na manhã desta quinta-feira, existem provas “robustas” do envolvimento dos vereadores em ações irregulares e recebimento de dinheiro para a aprovação do projeto da Cidade Limpa, que restringia a presença de outdoors. Outros dez empresários da área de publicidade também foram indiciados.
Além do vereador Marcos Espíndola, que está preso, foram indiciados César Farias (presidente que renunciou ao cargo no mês passado, após o início das operações), Deglaber Goulart, Erádio Gonçalves, Tiago Silva, Waldívio Costa Paixão Júnior, Marcelo de Oliveira, Célio João, Edinon Manoel da Rosa, Edimilson Carlos Pereira Júnior, Roberto Katumi, Aldério Furlan e Dalmo Meneses. Outros dois parlamentares ainda estão sendo investigados: Pedro Valente e Ricardo Vieira. Todos já prestaram depoimento.
Em coletiva, o delegado Allan Dias por várias vezes se referiu ao grupo como uma “quadrilha”. Ele destacou que documentos apreendidos em um cofre de uma empresa de publicidade citava nominalmente os vereadores e os valores que cada um teria recebido.
“Pelas provas coletadas estima-se que o pagamento de propina pelos empresários aos membros do legislativo tenha sido em torno de R$ 895 mil, dividido em 4 parcelas”, citou, acrescentando que o valor pago seria “tabelado” de acordo com o capital social das empresas. “O esquema criminoso era operado pelo vereador Marcos Espíndola e pelo empresário Adriano Ferreira Nunes (dono de uma das empresas de publicidade)”.
A PF apurou que o vereador Espíndola seria o responsável por receber os valores e repassar aos colegas da Câmara. Ele foi relator e autor de emendas ao projeto da Cidade Limpa.
Allan Dias ainda informou que o inquérito será apresentado nesta sexta para que o Ministério Público decida pela apresentação de denúncia. “O trabalho da PF foi minucioso diante de provas robostas. Nos baseamos em interceptações telefônicas e documentos apreendidos na empresa do gestor financeiro. A contabilidade da organização criminosa estava estampada nesses documentos”, disse. “Não resta dúvida sobre a imputação criminal e nem quanto aos autores”.
O indiciamento “multipartidário” envolveu parlamentes de praticamente todas as legendas da Casa e caiu como uma bomba em Florianópolis. Os indiciados devem se reunir emergencialmente ainda nesta quinta na sede do Legislativo para depois se pronunciarem sobre o caso.