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Polícia

Secretaria avisou 6 vezes a Justiça que sequestrador de ônibus no Rio violou tornozeleira

Paulo Sérgio de Lima foi posto em regime aberto em 2022 e, desde outubro do mesmo ano, estava sem monitoramento

13 mar 2024 - 15h25
(atualizado às 17h56)
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Resumo
Paulo Sérgio de Lima, que sequestrou um ônibus no Rio de Janeiro e manteve 17 pessoas reféns, estava sem monitoramento por tornozeleira eletrônica desde outubro de 2022, quando deixou o equipamento sem bateria. A irregularidade foi comunicada seis vezes à Justiça.
Momento em que sequestrador de ônibus é preso após se render em rodoviária do RJ
Momento em que sequestrador de ônibus é preso após se render em rodoviária do RJ
Foto: Divulgação/PMERJ

A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) avisou seis vezes o Tribunal de Justiça que Paulo Sérgio de Lima, suspeito de sequestrar um ônibus no Rio, violou o uso da  tornozeleira eletrônica. O criminoso manteve 17 pessoas reféns e feriu outros duas a tiros. 

Lima afirmou na delegacia que tinha ligação com o Comando Vermelho na Muzema. Segundo ele, durante uma briga, baleou um traficante da Rocinha, área também de domínio da facção e, com medo, decidiu fugir para Minas Gerais. O ônibus sequestrado tinha o Estado como destino. Ele ainda alegou que atirou por achar que estava sendo cercado por policiais

O sequestrador estava em regime aberto, em prisão domiciliar desde fevereiro de 2022. De acordo com a CNN, ele cumpre pena por roubo majorado até 2028 e era monitorado por tornozeleira eletrônica, mas foram detectadas seis irregularidades no uso do equipamento.

Em outubro de 2022, ele deixou o item descarregar e não voltou a ativá-lo, sendo que, desde então, estava sem monitoramento da Justiça. Conforme o site, após o sequestro, a Vara de Execuções Penais determinou que Lima regrida para o semiaberto, pois “cometeu falta grave ao descumprir as condições da prisão domiciliar, uma vez que violou o monitoramento eletrônico sem apresentar justificativas”, diz a decisão do juiz Cariel Bezerra Patriota.

O magistrado também afirma que, somente nesta terça, 12, é que “teve oportunidade de decidir no processo”. Questionada pela CNN, o Tribunal de Justiça afirmou que foi instaurada uma sindicância administrativa para apurar o caso, "especificamente as circunstâncias processuais e cartorárias relacionadas aos fatos noticiados, assim como as correspondentes responsabilidades”.

O Terra tentou contato com TJRJ para mais informações sobre o caso, mas não obteve retorno até o momento. O criminoso deve passar por audiência de custódia nos próximos dias. Ele continua preso na Delegacia da Praça da República (4ª DP). 

Dinâmica do sequestro

Câmeras de monitoramento flagraram Paulo Sérgio no guichê da Viação Sampaio às 13h51 de terça. Em seguida, com dinheiro em espécie, ele comprou a passagem do semileito para Juiz de Fora (MG). O ônibus sairia às 14h30.

"Ao efetuar o pagamento, Paulo tirou um saco de dinheiro e achou que aquilo ali chamou a atenção de algumas pessoas, que para ele seriam policiais", afirmou o delegado à TV Globo. 

Segundo a autoridade policial, quando ele embarcou dentro do ônibus, cismou que tinham passageiros que eram policiais.

"Houve a falha mecânica. O motorista pediu auxílio e saiu do coletivo. Paulo achou que, nesse momento, os policiais iriam pegá-lo. Foi quando vieram passageiros, que estavam entrando no ônibus, ele achou que seriam policiais e fez menção de entregar a arma. Um se assustou e saiu correndo, e Paulo efetuou os disparos", explicou o delegado.

Os disparos de arma de fogo atingiram um passageiro de 34 anos, que foi internado em estado grave no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, e transferido para o Instituto Nacional de Cardiologia. Uma outra vítima recebeu atendimento no posto ambulatorial da própria rodoviária.

Investigações e depoimentos

Em nota enviada ao Terra, a Polícia Civil informou que, de acordo com a 4ª DP (Praça da República), os passageiros que permaneceram no ônibus foram ouvidos, assim como o motorista, e as demais vítimas também prestarão depoimento. Imagens de câmeras de segurança da rodoviária estão sendo analisadas e outras foram solicitadas. Foi realizada perícia no local. 

Ainda segundo a delegacia, o autor foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio, cárcere privado e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Ele possui anotação criminal anterior no Rio de Janeiro, por crime de roubo em 2019. A delegacia está em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais para checar os antecedentes dele naquele estado.

Durante o registro da corrência, duas vítimas de um roubo ocorrido no domingo, 10, compareceram à unidade policial, após reconhecerem o preso em imagens veiculadas pela imprensa. O fato foi registrado e um dos bens roubados das vítimas - um cordão - foi devolvido, ao ser encontrado entre os pertences do detido.

"Ele foi autuado pelo crime. A 4ª DP reforça a importância de outras possíveis vítimas procurarem a delegacia para registrarem o crime. As investigações seguem em andamento", acrescentou a Polícia Civil.

Fonte: Redação Terra
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