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Polícia

SP: agentes impedem entrada de kit com alimentos em presídio

Familiares de presos temem que, se kit com alimentos, cigarros e itens de higiene não entrar, haja rebelião no complexo em Campinas

19 mar 2014 - 17h44
(atualizado às 18h10)
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Os grevistas tomaram a principal entrada dos presídios e autorizaram somente o acesso de ambulâncias, presos doentes e caminhões com alimentos
Os grevistas tomaram a principal entrada dos presídios e autorizaram somente o acesso de ambulâncias, presos doentes e caminhões com alimentos
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra

Pela segunda vez, familiares de presos foram impedidos pelos agentes penitenciários do acesso do "jumbo", uma sacola contendo alimentos, cigarros e produtos de higiene, aos detentos do Complexo Penitenciário Campinas-Hortolância. Os agentes estão em greve desde o dia 10 de março.

"Não é justo, eles fazem greve e quem paga é nossa gente", reclama a dona de casa Camila Cristina Menezes de Sena, 25 anos, cujo pai preso está preso há 3 meses no Centro de Detenção Provisória (CDP) que fica dentro do complexo penitenciário. O local concentra cerca de 8 mil presos em dois CDPs, duas penitenciárias, uma unidade de semi-aberto e outra de progressão penitenciária.

Os grevistas tomaram a principal entrada do presídio e autorizaram somente o acesso de ambulâncias, o transporte de presos doentes que deixaram os hospitais e caminhões com alimentos. Nem os advogados puderam entrar para falar com seus clientes.

A paralisação dos agentes penitenciários completou nove dias nesta quarta-feira. Os familiares que fizeram visitas no último final de semana também encontraram restrições. Quarta-feira é um dia tradicional da entrada do "jumbo" no presídio.

O advogado Rodrigo Maricato estava descontente por ter os documentos parados, já que há vários dias não consegue contato com os clientes dentro do presídio. "Sou a favor do movimento dos agentes. mas impedir a entrada de um representante legal já é demais. Tenho cliente que ganhou a transferência para o semi-aberto. Ganhou, mas não levou", comentou.

Risco de rebelião

"Se o jumbo não entrar pode ter rebelião, a cadeia vai virar", afirma uma mulher, que não quis revelar seu nome. "Lá dentro a comida é horrível, já encontraram até caco de vidro, perna de barata, pelo de rato nas marmitas", reclama Marinalva dos Santos, mãe de um rapaz de 23 anos que está preso há dois anos. "Ele foi um sem-vergonha, para não dizer coisa pior", diz a auxiliar de limpeza.

"Ele é trabalhador, mas o vício com as drogas não tem 'quimioterapia' que cure", disse a mãe. "Mas não precisa maltratar os meninos, não deixar entrar doce, cigarro, pasta de dente. Isso já é judiação. E os culpados mesmo, quer saber, escreve aí, são os políticos do mensalão e do governo que nem aí para os presos trancados lá dentro ao Deus dará", falou a mulher, enquanto retirava da bolsa uma bandeira do Brasil.

O representante dos grevistas Carlos Ferreira disse que os presos estão calmos, mas não afasta o risco de algum tumulto pelo descontentamento com a falta dos presentes das famílias. "Aqui eles têm de manhã café com leite e pão com manteiga, e no almoço arroz, feijão, frango, carne. Tudo normal", falou. 

De acordo com os grevistas, o sindicato se retirou da manifestação para evitar a punição imposta pela liminar que estipulou multa de R$ 100 mil por dia caso haja restrição de direitos. A paralisação ficou reservada apenas com os agentes que aderiram à greve. Dos 800 servidores do complexo cerca de 250 continuam mantendo as atividades dentro do presídio.

Esposas, mães e filhas dos detentos montam barracas em um acampamento improvisado do outro lado da rua do Complexo Penitenciário
Esposas, mães e filhas dos detentos montam barracas em um acampamento improvisado do outro lado da rua do Complexo Penitenciário
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra

Acampamento

Apesar de as visitas ocorrerem aos sábados e domingos, as esposas, mães e filhas dos detentos montam barracas em um acampamento improvisado do outro lado da rua do complexo penitenciário. Elas chegam durante a tarde e noite de terça-feira e aguardam as primeira horas da manhã seguinte para entregarem o "jumbo" e reservarem as senhas para a visita. 

As mulheres, em grande maioria, são de várias regiões do Estado de São Paulo. Na sacola, trazem pão de forma, margarina, chocolate, bolo, doce industrializado, frango assado, arroz, maionese, feijão com carne e bolacha. Em outra sacola levam sabonete, papel higiênico, escova de dentes e cigarros.

"É um dia de alegria, se bem que, é mais alegria pra ele", diz uma mulher cujo marido está preso há quatro meses.  "Eu já estou nessa vida faz dois anos. Eu trago de vez em quando o menino para ver o pai, é um sofrimento, muito sol, pegar fila.", contou outra visitante.

Uma estudante reclama que o auxilio-reclusão do marido, no valor de R$ 900, não veio em fevereiro. "Não consigo pegar o papel, é difícil isso. Vou ter que procurar o advogado de novo."

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Fonte: Especial para Terra
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