SP: número de mortos por PMs aumenta 94% no 1º bimestre de 2024, durante a gestão Tarcísio
Nos dois primeiros meses do ano, foram mortas 134 pessoas pela PM em todo o estado
O número de mortes cometidas por policiais militares cresceu 94% no primeiro bimestre de 2024 no Estado de São Paulo, em comparação ao mesmo período de 2023. É o que aponta um levantamento feito pela GloboNews junto ao Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público Estadual.
Nos dois primeiros meses do ano, foram mortas 134 pessoas durante ações policiais em todo o estado. Enquanto no mesmo período no ano passado foram registradas 69 mortes cometidas por PMs. Esse é o segundo ano do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à frente do cargo em São Paulo.
De acordo com os dados do Gaesp, o mês de fevereiro deste ano teve um aumento significativo na letalidade das ações policiais em comparação com janeiro. Segundo aponta o órgão, em fevereiro de 2024, houve 79 mortes causadas pela Polícia Militar em São Paulo, representando um aumento de 147% em relação às 32 mortes registradas no mesmo mês do ano anterior.
Em janeiro deste ano, a PM foi responsável pela morte de 55 indivíduos no estado, um aumento de 49% em relação às 37 fatalidades ocorridas em janeiro do ano anterior, conforme os dados do Gaesp.
O aumento das mortes coincide com o inicío da Operação Verão, deflagrada pela Polícia Militar na Baixada Santista, no litoral paulista, após o assassinato do soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo e do cabo José Silveira dos Santos no início de fevereiro.
No período de 3 a 29 de fevereiro, segundo os dados levantados pela GloboNews, um total de 43 pessoas foram mortas apenas na região da Baixada Santista. Com isso, a Operação Verão já supera o número de óbitos na Operação Escudo (28), deflagrada no ano passado na mesma região.
Ao Estadão, familiares falam de inocentes entre os mortos pela polícia na Baixada. "Meu pai não era traficante, mas quem mora na favela não tem voz", disse ao jornal a filha do catador de lixo José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, morto no barraco onde vivia, em São Vicente. A família diz que ele era usuário de drogas, mas não estava envolvido com o crime.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou ao Terra que não comenta pesquisas cuja metodologia desconhece e afirma que os dados oficiais sobre as mortes decorrentes de intervenção policial serão publicados de acordo com o cronograma previsto.
"Em janeiro, foram registradas 46 ocorrências desta natureza no Estado, o que representa 0,2% do total de 16.811 presos/apreendidos no período. As MDIP são consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia. A opção pelo confronto é sempre do suspeito, que coloca em risco a vida do policial e da população. Todas as ocorrências são rigorosamente investigadas pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário", afirma a pasta.
A SSP também alega que investe permanentemente na capacitação dos policiais, aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo, e em políticas públicas para reduzir a letalidade policial. Segundo a pasta, os cursos ao efetivo são constantemente aprimorados e comissões direcionadas à análise dos procedimentos revisam e aprimoram os treinamentos, bem como as estruturas investigativas.