SP: testemunhas protegidas abrem júri de PMs acusados de matar servente
Duas testemunhas protegidas abriram na tarde desta segunda-feira, em São Paulo, o julgamento de quatro policiais militares acusados de matar o servente de pedreiro Paulo Batista do Nascimento. O crime aconteceu no Campo Limpo, zona sul da capital paulista, em novembro de 2012. Os PMs estão presos.
O julgamento acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, e, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), pode terminar nesta terça-feira. Dos sete jurados sorteados, quatro são mulheres e três homens.
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), a vítima já havia sido dominada pelos PMs durante a ação, mas, mesmo assim, recebeu cinco tiros disparados pelas armas dos policiais. Um dos vizinhos do servente filmou a abordagem dos PMs.
Ao todo, segundo o TJ, devem ser ouvidas cinco testemunhas de acusação e oito de defesa. Entre as de acusação, além das duas protegidas, estão um delegado de polícia e dois PMs.
Entre as testemunhas de defesa, três são PMs e uma não foi localizada e nem intimada pelos oficiais de Justiça para comparecer ao júri.
Depois que as testemunhas depuserem, será a vez de os quatro réus serem interrogados. No dia em que Nascimento foi morto, estavam na viatura o tenente Halstons Kay Yin Chen, que comandava a operação, e os soldados Francisco Anderson Henrique, Marcelo de Oliveira Silva e Jailson Pimentel de Almeida.
O advogado dos réus, Celso Machado Vendramini, afirmou pouco antes de começar a sessão que a defesa vai insistir na tese de disparo acidental.
O crime
No dia 10 de novembro de 2012, a Polícia Militar divulgou a informação de que dois PMs de motocicleta foram recebidos à bala durante a abordagem de um carro roubado na região do Campo Limpo. Segundo a corporação, durante a perseguição, os dois suspeitos acabaram morrendo na troca de tiros.
A versão inicial dizia que o servente de pedreiro Paulo Batista do Nascimento, 25 anos, foi encontrado morto em uma viela após a troca de tiros. Ele já tinha sido condenado por roubo, receptação e falsificação de documentos.
Dias após a abordagem, porém, uma testemunha revelou que a vítima foi abordada dentro de uma casa. Um vídeo feito por um vizinho mostra Paulo sendo cercado por policiais em uma rua do bairro do Campo Limpo. No vídeo, é possível ver o servente levando um tapa e um chute dos policiais antes de ser levado para o carro da polícia. Em seguida, um policial aparece com os braços erguidos em posição de tiro. Não é visto nenhum disparo, mas depois de um barulho parecido com um tiro, as imagens mostram a movimentação de alguns agentes.
Os policiais colocaram a vitima dentro da viatura e saíram do local em alta velocidade.