Testemunha cita participação de avô Nardoni em crime
Antônio Nardoni teria orientado o casal a jogar a menina pela janela para simular um acidente, segundo a testemunha
Uma nova testemunha diz ter novas informações sobre a morte de Isabella Nardoni, 5 anos, assassinada em março de 2008. Segundo informações do Fantástico, a mulher - que se identificou com uma funcionária do sistema penitenciário de São Paulo – revelou que a madrasta de Isabella, Anna Carolina Jatobá, assumiu que bateu na menina e que o marido a jogou pela janela, como suspeitou a Justiça. Durante a conversa – em 2008, dentro da penitenciária de Tremembé - a madrasta de Isabella teria dito que o sogro, Antônio Nardoni, foi quem orientou o casal a simular um acidente, já que Anna Carolina e Alexandre Nardoni, pai de Isabella, pensavam que a menina estava morta após o espancamento.
“Ela falou que o sogro mandou, orientou os dois a simular um acidente. Eu ouvi da boca dela, olho no olho”, disse a mulher, que não se identificou. Segundo ela, após a família retornar do mercado, Anna Jatobá teria batido com violência em Isabella por ela “não parar de encher o saco”. “Falou que ela bateu na menina porque a menina não parava de encher o saco. Que a menina estava enchendo muito o saco. Que não era para ser tão grave. Pensou que matou, pensou que a menina estivesse morta.”
O relato da mulher coincide com a versão levantada pela polícia, que indicou ainda que a menina foi jogada no chão com violência pelo pai e estrangulada pela madrasta dentro do apartamento. Segundo a testemunha, porém, Anna Carolina Jatobá nega ter estrangulado a menina ou que o marido tenha jogado Isabella no chão. “Ela fala que não estrangulou a menina. Que ele colocou a menina no chão, acreditando que a menina estivesse morta, enquanto ela ligava para o sogro.”
Neste momento, após o casal subir com Isabella para o apartamento, teria ocorrido o primeiro contato com o pai de Alexandre Nardoni, que é advogado. “Falou para o sogro que matou a menina e ele falou: ‘simula um acidente. Senão, vocês vão ser presos’. Aí, tiveram a ideia de jogar a menina pela janela. Que o Alexandre só jogou a filha porque acreditava que ela estivesse morta e que ele entrou em choque depois que jogou. Desceu, e a menina estava viva”, disse a testemunha.
Ouvido pelo Fantástico, o promotor do caso Francisco Cembranelli relembra que a quebra de sigilo telefônico do casal revelou uma ligação para Antônio Nardoni apenas após a queda. “A ligação teria sido feita logo depois do corpo ter sido jogado. É isso que a investigação indicou. Mas nós temos que apurar se havia outro telefone, usaram outro celular? Não sei, nós temos que ver agora”, disse.
De acordo com a mulher, Anna Jatobá não denunciou o sogro pois ele seria o responsável por sustentar toda a família. “Com certeza, é pelo silêncio dela. Ela recebe muita coisa de fora. Coisas que outras presas não recebem. Vários tipos de queijos, brincos. O colchão que ela dorme é especial. Foi presente do seu Nardoni para ela. Porque estava dando problema na coluna dela o colchão da penitenciária”, disse.
Demora na revelação
Questionada sobre a revelação tardia, a testemunha disse que não sabia como denunciar e não ser identificada por isso. "Na verdade eu queria denunciar no momento em que ouvi, só não sabia o meio legal de denunciar sem me comprometer”, falou.
O depoimento da testemunha será analisado nesta semana por uma promotora do Fórum de Santana, onde tramita o caso. Sem seguida, policiais devem ouvir o casal Nardoni. Procurado, Antônio Nardoni negou qualquer tipo de orientação no dia do crime. ““As pessoas, às vezes, agem como se eu fosse o monstro da história. Eu tenho a minha consciência tranquila. Eu nunca faria isso. Quando ela ligou, ela ligou dizendo que a Isabella tinha caído. Mas eu achei que a Isabella tinha caído, caído no apartamento. A gente nunca imagina uma coisa dessa. Não teve nada além disso. A gente só tem a lamentar que uma pessoa dessa faça uma coisa dessa para prejudicar quem não está mexendo com ela”, afirmou.
O advogado do casal, Roberto Podval, disse que tomará “todas as medidas judiciais cabíveis” contra a testemunha. “É uma exposição dos avós, numa história sem pé nem cabeça”, disse.
O casal Nardoni sempre negou a participação no crime, sustentando a versão de que uma terceira pessoa teria entrado no apartamento e matado Isabella.
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