Treinamento e fornecimento de armas: como CACs ajudaram PCC para ataques de "novo cangaço"
Investigação da PF e MP aponta que CACs ensinaram membros do PCC a operar e disparar armas de fogo de alto poder destrutivo
Uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apontou que Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs) ensinaram membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) a operar e disparar armas de fogo de alto poder destrutivo. Esse treinamento teria sido realizado para preparar os criminosos para a prática de roubos nas modalidades conhecidas como "novo cangaço" ou "domínio de cidades".
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Segundo informações divulgadas pela Polícia Federal, essas modalidades de roubo são uma forma de crime violento que foge do comum, surgindo da evolução de assaltos contra o patrimônio. Neles, grupos criminosos bloqueiam a ação das autoridades, planejando e executando roubos que espalham medo e pânico na sociedade.
Nesta terça-feira, 10, foi deflagrada a segunda fase da Operação Baal com o objetivo de cumprir buscas e prisões dos suspeitos identificados na investigação.
Atendendo ao pedido do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão preventiva de três investigados, incluindo um membro de uma facção criminosa que esteve foragido de 2005 até 2024, quando foi capturado em uma operação liderada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) de Campinas (SP).
Durante essa ação, foram apreendidas armas de fogo, munições, acessórios, roupas camufladas e outros itens frequentemente utilizados em crimes de extrema violência. Também foram cumpridos dois mandados de busca domiciliar e três de prisão preventiva em São Paulo e Buri (SP).
Com base nas provas reunidas na primeira fase da operação, realizada em maio deste ano, o Ministério Público de São Paulo denunciou 18 pessoas. O juiz aceitou as acusações, e, se forem condenados, cada um deverá pagar R$ 5 milhões por danos morais à sociedade.
Segundo a PF informou ao Terra, a investigação começou após a tentativa de roubo a uma empresa de transporte de valores em abril de 2023, em Confresa (MT). Durante o confronto com as forças de segurança, vários criminosos foram presos ou mortos, e descobriu-se que um deles vivia em São Paulo e fazia parte de uma facção criminosa.
De acordo com reportagem da GloboNews, colecionadores de armas, atiradores e caçadores também se tornaram fornecedores de armas e munições para facções criminosas no País. Além disso, foram encontrados vídeos que mostram um dos CACs ensinando membro da organização criminosa a manusear fuzis.