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Política

1ª mulher a presidir TSE, Cármen Lúcia quer mutirão da Ficha Limpa

18 abr 2012 - 21h15
(atualizado às 22h06)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), assumiu nesta quarta-feira a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Primeira mulher a ocupar o cargo em 67 anos da corte, ela será responsável por comandar a Justiça Eleitoral durante as eleições para prefeitos e vereadores em outubro deste ano. O mandato dela vai até novembro de 2013.

Ministra é a 1ª mulher a tomar posse na presidência do TSE:

Em uma fala rápida, Cármen Lúcia dividiu seu discurso em três pontos. O primeiro foi relacionado aos problemas da Justiça. Segundo a ministra, a morosidade do Judiciário atinge principalmente os cidadãos mais humildes. "Somos juízes. Fazemos Direito, não fazemos milagre. O problema da Justiça não prestada não é nossa culpa, mas é sim nossa responsabilidade. Mudar esse quadro é o desafio que se impõe. É nosso empenho, nosso compromisso. Essa tarefa esbarra nos limites do humano, mas tenha certeza o cidadão brasileiro que as imperfeições deste trabalho não resultam de descuido, mas de limitações que buscaremos ultrapassar a todo momento", disse.

O segundo ponto do discurso foi direcionado à imprensa, a qual Cármen Lúcia definiu como parceira do Judiciário "na concretização da Justiça". "Não há eleições seguras e honestas sem a ação livre, presente e vigilante da imprensa", afirmou. O último aspecto abordado pela ministra foram as eleições deste ano. Cármen Lúcia lembrou que será a primeira vez que a lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de políticos condenados por colegiados da Justiça ou que tenham renunciado, valerá integralmente, mas, segundo a presidente do TSE, "nenhuma lei do mundo substitui a honestidade, a responsabilidade e o comprometimento do cidadão".

Prestigiada, a cerimônia de posse contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, do vice-presidente Michel Temer, do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, do presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), da presidente em exercício do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, além de governadores e ministros.

Desafios

O primeiro desafio da nova presidente do TSE será conduzir o julgamento do fundo partidário do PSD, que deve ser realizado na próxima semana. Criada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a legenda quer ter direito a uma parte do fundo partidário com base nos votos obtidos por políticos da atual bancada nas eleições de 2010.

O principal adversário do PSD no julgamento será o PT, que apresentou a representação contrária a uma nova divisão dos recursos. Outros 13 partidos apoiaram os petistas, além do procurador-geral eleitoral, Roberto Gurgel, também ter se manifestado contrário à posição do partido de Kassab, argumentando que a legenda foi criada apenas em setembro do ano passado e, portanto, não teria acesso ao dinheiro do fundo. Hoje, o PSD tem direito a R$ 42,5 mil do montante.

Cármen Lúcia também terá de mostrar que a Ficha Limpa funciona. Aprovada em 2010, a lei só foi considerada constitucional em fevereiro deste ano. A ministra espera uma avalanche de ações questionando a elegibilidade de políticos em todo o País. O TSE estuda lançar uma espécie de mutirão para limpar a pauta nos próximos meses visando justamente às eleições municipais.

Em seu discurso de despedida, o ministro Ricardo Lewandowski, antecessor de Cármen Lúcia na presidência do TSE, disse que sai da corte com a sensação de dever cumprido. Ele não deixou apenas a presidência, mas também a vaga à qual tinha direito na corte até maio de 2013. Em sua carta de renúncia, endereçada ao presidente do STF, Cezar Peluso, Lewandowski não cita os motivos que o levaram a deixar o cargo, mas nos bastidores é dado como certo que o ministro abandonou suas atribuições à frente do TSE para se dedicar ao trabalho de revisor do relatório do ministro Joaquim Barbosa sobre o processo do mensalão, o mais rumoroso escândalo de corrupção da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cabe ao ministro revisor liberar a ação penal para que, então, o julgamento entre em pauta.

Fonte: Terra
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