Crivella sinaliza apoiar Bolsonaro, mas resiste a armamento
'Minha posição é de cautela', diz prefeito do Rio de Janeiro; segundo ele, PRB deve apoiar medidas sem participar do governo
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que uma das principais forças do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) é a defesa da família. "O evangélico só pediu uma coisa: preserve a família. Qualquer ação de Bolsonaro, mesmo antes de tomar posse de governo, que não reafirme isso trará uma imensa decepção a uma parcela da população", disse.
Crivella também afirmou que seu PRB, ligado à Igreja Universal, deverá "apoiar as medidas [de Bolsonaro] sem participar do governo". Ele ainda negou que a entidade religiosa deva ter mais espaço na nova gestão. "O que ela deve buscar é a liberdade política. Isso é o que favorece a evangelização".
Apesar da sinalizar adesão, o político falou em cautela quanto a uma das principais pautas do presidente eleito: a flexibilização do desarmamento. "No Rio somos traumatizados com mais armamentos por conta de crianças que perdemos em balas perdidas."
A seguir os principais trechos da entrevista:
Quais são as expectativas em relação ao governo Bolsonaro?
Bolsonaro é o portador de imensas esperanças do povo brasileiro na inversão de um ciclo. Vivemos por um tempo com a predominância do trabalho e estamos indo agora para outra aposta: a predominância do capital. Se ele puder retirar a corrupção do sistema já terá dado grande contribuição.
Bolsonaro foi eleito com um discurso contra métodos da classe política. Mas será possível governar sem esses métodos?
As instituições vão ter que se amoldar. O Congresso, por exemplo, não dá mais para ocupar espaços como no passado. Agora precisam ser ocupados com ideias, novas fórmulas... Ou seguimos nesse rumo ou o Brasil vai viver um conflito em que as mudanças aprovadas nas urnas não serão implementadas e o País vai parar. Não podemos nos dar o luxo de parar.
Bolsonaro tem indicado que vai beneficiar a relação com grupos temáticos no Congresso, mas a indicação de Mozart Neves para a Educação gerou crise com a bancada evangélica...
A força de Bolsonaro se deve a dois fatores: a sociedade achava que a violência precisava ser combatida de forma mais dura - e que ele era a pessoa para isso. A segunda era a preservação da família. O evangélico só pediu uma coisa: preserve a família. Deus é família. Esse princípio da família tradicional é que comoveu a todos. Qualquer ação de Bolsonaro, mesmo antes de tomar posse, que não reafirme isso trará uma imensa decepção a uma parcela da população.
A aprovação do Escola Sem Partido é fundamental?
Se tiver qualquer projeto que tenha iniciado no governo passado ou no Ministério de Educação no período do Fernando Haddad (PT), isso trará imensa controvérsia ao governo Bolsonaro. Acredito que a bancada ruralista, da bala e a evangélica não queiram saber quais são os ministérios, diretorias, gerências... Porém, todos eles permanecem no mandato com um eleitorado que tem uma pauta que eles devem defender e preservar. É isso e ponto.
Qual será sua primeira demanda ao governo Bolsonaro?
O pacto federativo. O grande problema, no caso do Rio, é que o governo federal arrecada R$ 160 bilhões e quanto é que volta para o Rio? 4 bilhões. É insuportável.
Que acha da flexibilização da lei do desarmamento?
No Rio somos traumatizados com mais armamentos por conta de crianças que perdemos em balas perdidas. Minha posição é de cautela.
Defende mais espaço para a Igreja Universal no governo?
Nunca. O que ela deve buscar é a liberdade política. Isso é o que favorece a evangelização.
E em relação ao PRB?
O PRB deve apoiar as medidas sem participar do governo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.