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Política

'A perseguição é constante', diz Felipe Neto após intimação por denúncia de Carlos Bolsonaro

Youtuber foi alvo de queixa-crime, acusado de crime contra a segurança nacional, após chamar o presidente Jair Bolsonaro de "genocida". À BBC News Brasil, Felipe Neto afirmou estar preocupado não com sua situação jurídica, mas com "a situação do nosso país e as ameaças à liberdade de expressão".

16 mar 2021 - 07h59
(atualizado às 08h15)
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"Não estou preocupado comigo. Não há nada que eles possam fazer contra mim. Estou preocupado com a situação do nosso país e as ameaças à liberdade de expressão", diz youtuber
"Não estou preocupado comigo. Não há nada que eles possam fazer contra mim. Estou preocupado com a situação do nosso país e as ameaças à liberdade de expressão", diz youtuber
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Anunciada na semana passada nas redes sociais do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), a queixa-crime apresentada pelo filho do presidente contra o youtuber Felipe Neto por suposto crime contra a segurança nacional rendeu nesta segunda-feira (15/03) uma intimação ao comediante.

Em entrevista à BBC News Brasil por e-mail, Neto afirmou que a queixa-crime motivada por um tuíte em que chamou o presidente Jair Bolsonaro de "genocida" é parte da perseguição "absoluta" da qual é alvo "desde o primeiro dia de governo".

Mas a intimação entregue em sua casa por policiais civis, por volta de 16h desta segunda-feira, não o preocupa por eventuais desdobramentos na Justiça, diz o youtuber.

"Não estou preocupado comigo. Não há nada que eles possam fazer contra mim. Estou preocupado com a situação do nosso país e as ameaças à liberdade de expressão. Tenho condições de me defender, tenho mais de 41 milhões de seguidores e tenho pessoas extraordinárias ao meu lado. Porém, principalmente, tenho ao meu lado a razão", escreveu Felipe Neto à BBC News Brasil, mencionando também ser assessorado por uma equipe jurídica "extremamente competente".

Mandado de intimação contra Felipe Neto
Mandado de intimação contra Felipe Neto
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, "a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) intimou Felipe Neto após o vereador Carlos Bolsonaro protocolar uma petição comunicando crime contra segurança nacional em que o presidente Jair Bolsonaro seria vítima".

"Após o intimado ser ouvido, o caso será encaminhado à Justiça", informou a assessoria de imprensa da polícia civil fluminense.

A reportagem não conseguiu contato com a assessoria de imprensa e nem com o gabinete de Carlos Bolsonaro.

Na semana passada, o vereador compartilhou em suas redes sociais uma colagem com fotos de Neto e da atriz Bruna Marquezine, que também criticou o presidente, e o seguinte texto: "Encaminhamos queixa-crime contra Bruna Marquezine e o youtuber Felipe Neto por supostos crimes contra o Presidente da República". Na legenda, Carlos Bolsonaro reproduziu o texto do artigo 138 do Código Penal, referente ao crime de calúnia.

Em 16 de dezembro, Neto compartilhou no Twitter uma notícia do jornal Folha de S. Paulo com o título "Bolsonaro pede que governo divulgue perigos de vacinas contra a covid", acrescentando como comentário: "Genocida. Monstro. Este desgraçado será lembrado como o pior presidente eleito da história desse país".

Escrevendo à BBC News Brasil, Felipe Neto apresentou a definição de "genocida" no dicionário e defendeu que Bolsonaro "foi diretamente responsável por muitas mortes".

"O Brasil teve quase 280 mil mortos em menos de um ano de pandemia. Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se o Brasil tivesse adotado uma postura séria de enfrentamento à covid-19", escreveu.

"Eu não sou ameaça à segurança nacional, o povo é que é uma ameaça ao bolsonarismo, porque o povo brasileiro está acordando. Isso assusta a família Bolsonaro mais do que qualquer outra coisa, pois o que eles mais desejam é a perpetuação no poder."

Para o youtuber, o atual governo tem uma postura "completamente diferente" de outros presidentes eleitos.

"Durante a gestão do PT, sempre fui uma oposição ferrenha e diversas vezes ataquei os ex-presidentes Lula e Dilma, inclusive com inúmeras ofensas e acusações. Nunca recebi sequer uma cartinha de fim de ano com uma reprimenda e um pedido de retratação. Já na gestão Bolsonaro, a perseguição é absoluta desde o primeiro dia de governo", escreveu, citando também ameaças que recebe rotineiramente de apoiadores do presidente.

"Eu lidei com o perfil autoritário desse governo desde o primeiro dia, pois sempre fui alvo da articulação do ódio. A perseguição é constante e a tentativa de me silenciar através do medo nunca cessou."

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