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Política

'Abin paralela' monitorava ex-ministros de Bolsonaro e senadores da CPI da Covid, diz TV; veja nomes

Segundo o 'Jornal da Band', a Abin durante o governo Bolsonaro também espionou ilegalmente ex-governadores, ministros do STF e deputados que se afastaram do ex-presidente

2 fev 2024 - 21h20
(atualizado às 22h41)
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BRASÍLIA - A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou ilegalmente, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ministros rompidos com o ex-chefe do Executivo, integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e senadores que compuseram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Na lista de autoridades monitoradas ilegalmente, estão, ainda, deputados que se distanciaram de Bolsonaro e ex-governadores. Tanto o ex-presidente quanto outros alvos da investigação rechaçam a existência de ilegalidades na agência.

Lista de autoridades investigadas pela Abin durante o governo Bolsonaro incluem ex-ministros rompidos com o ex-presidente
Lista de autoridades investigadas pela Abin durante o governo Bolsonaro incluem ex-ministros rompidos com o ex-presidente
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

A Polícia Federal (PF) investiga se o aparato da Abin foi utilizado, durante o governo Bolsonaro, para espionar adversários políticos e ministros do Supremo. No último dia 25, o ex-diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, que é deputado federal pelo PL fluminense, foi alvo de busca e apreensão. Ele é suspeito de ter comandado o órgão paralelo. Nesta segunda, 29, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-chefe do Executivo, teve endereços vasculhados pelos policiais.

Segundo o Jornal da Band, a lista de monitorados inclui quatro ministros que participaram do governo do ex-presidente: Abraham Weintraub (Educação), Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Antigos aliados de Bolsonaro, Santos Cruz e Weintraub romperam com o ex-chefe do Executivo após deixarem as suas pastas.

O programa informou que a "Abin paralela" monitorava senadores que fizeram parte da CPI da Covid, instalada para investigar irregularidades do governo Bolsonaro durante a compra de vacinas e o combate à pandemia. Os três integrantes da mesa diretora do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), estão na lista.

Outros senadores do colegiado monitorados teriam sido Rogério Carvalho (PT-SE), Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-PI) e Alessandro Vieira (MDB-SE). Fora da CPI, a ex-senadora e atual ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB) e a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) estão na lista de autoridades espionadas.

O jornal informou ainda que a Abin monitorou o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e o ex-deputado Alexandre Frota (sem partido-SP), que eram aliados de Bolsonaro mas se afastaram no decorrer do mandato do ex-presidente. O jornal também citou que o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PSDB-RJ) foi espionado ilegalmente.

A lista das autoridades investigadas pela agência de inteligência inclui o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana, e o ex-governador de São Paulo João Doria (sem partido). A espionagem atingiu o STF, com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes no balanço de monitorados.

Entenda como funcionava a Abin paralela

Segundo a investigação da PF, durante o período em que Ramagem comandou a Abin, servidores usaram indevidamente um sistema israelense de espionagem chamado "FisrtMile". O software é capaz de detectar um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G.

Em outubro do ano passado, durante a deflagração da Operação Última Milha, a PF identificou que o FisrtMile foi utilizado pela Abin em 33 mil monitoramentos ilegais. Dos usos, 1.800 foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários do governo do ex-presidente.

Os investigadores da PF chamaram as pessoas apontadas como responsáveis pelo monitoramento ilegal de "organização criminosa". "O grupo teria criado uma estrutura paralela na Abin e utilizado ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal", diz um comunicado divulgado pela corporação.

Nesta quarta-feira, 31, o novo número 2 da Abin, Marco Cepik, afirmou que todas as descobertas feitas pela PF apontam a existência de uma "Abin paralela". Cepik foi nomeado para o cargo de diretor adjunto nesta terça-feira, 30, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitir Alessandro Moretti, que era ligado ao ex-presidente. "Temos que aguardar o final dos processos investigatórios nas instâncias para verificar a comprovação não apenas de que se houve, mas de quem estava ali", afirmou.

Estadão
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