Aécio contraria Bolsonaro e diz que não teve fraude em 2014
Candidato do PSDB naquela eleição, porém, defendeu uma atualização no modelo utilizado para apurar os votos nas eleições
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) discordou da afirmativa feita pelo presidente Jair Bolsonaro de que teria havido fraudes nas urnas eletrônicas nas eleições de 2014 e que teria derrotado a petista Dilma Rousseff. Para o tucano, não houve fraude naquela eleição.
Apesar disso, Aécio deixa claro que defende uma atualização no modelo utilizado para apurar os votos nas eleições.
"Eu não acredito que tenha havido fraudes nas urnas em 2014, tão pouco acredito que nós estejamos fadados a viver eternamente com as urnas eletrônicas de primeira geração. O mundo inteiro que utiliza urnas eletrônicas avançou para algum tipo de auditagem, de conferência. Isso vem não contra, mas em benefício da credibilidade, da confiabilidade do nosso sistema", disse Aécio.
Logo depois da eleição de 2014, Aécio e o PSDB contestaram o resultado da eleição em recurso junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas Aécio destaca que as razões foram diferentes de uma possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas.
"Os crimes cometidos em 2014 foram de outra espécie. Nós falamos em financiamento ilegal das campanhas eleitorais, a corrupção desenfreada no governo que as financiou, a utilização das máquinas públicas, como os Correios e o Banco do Brasil para fins eleitorais, o tsunami de fake news", explicou.
Em campanha pelo voto impresso, Bolsonaro têm questionado a confiabilidade das urnas eletrônicas e falado em fraudes nas eleições sem apresentar qualquer prova sobre isso. Antes, o presidente se referia apenas às eleições de 2018, alegando que vencera já no primeiro turno. Agora, acrescentou ao seu discurso a votação de 2014. Para ambos os casos, não trouxe nenhuma evidência que comprove sua afirmação.
Se rebate a teoria do presidente, Aécio concorda que é preciso haver mais recursos de auditagem nas urnas. Mas reconhece que o momento político está conturbado e polarizado demais para que aconteça uma discussão desapaixonada sobre o assunto.
"Eu defendo que nós possamos retomar essa discussão sobre possibilidade de auditagem dos votos num momento menos contaminado pelo radicalismo político. Precisamos desinterditar esse debate, repito, em benefício do próprio sistema criado no Brasil. Hoje, além do Brasil, apenas Butão e Bangladesh mantêm sistemas de votação eletrônica sem qualquer tipo de conferência. Assim, temos que evoluir do atual sistema para um sistema eletrônico mais avançado, em favor da própria confiabilidade das urnas eletrônicas", disse.