Aécio prega transparência fiscal e redução da meta de inflação
O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, prometeu nesta sexta-feira transparência na política fiscal, redução da margem de tolerância da meta de inflação e revisão das bases do acordo do Mercosul.
Durante discurso em São Paulo, o senador tucano disse que essa postura na política macroeconômica vai permitir recuperar a credibilidade perdida, segundo ele, no governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
"É essencial interligar e coordenar a política macroeconômica, sem maquiagem para se alcançar o superávit primário, com transparência absoluta, e buscar alcançar o centro da meta de inflação com redução das bandas", disse Aécio durante evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham). "Isso é essencial para a retomada da credibilidade."
O governo tem sido criticado pela maneira como tem conduzido a política fiscal, especialmente por usar o que se chamou no mercado de "contabilidade criativa" e receitas extraordinárias para cumprir as metas de superávit primário.
A inflação, cuja meta é de 4,5% com tolerância de 2 pontos percentuais, tem flertado nos últimos anos com o limite máximo de 6,5%, como ocorreu em 2011. A expectativa de economistas compilada pela pesquisa Focus do Banco Central aponta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) fique em 6,39% neste ano e em 6% em 2015.
Em abril, a inflação desacelerou a alta a 0,67% e atingiu 6,28% em 12 meses. Para combater a alta dos preços, o Banco Central já elevou a taxa Selic em 3,75 pontos percentuais, para 11% ao ano, num ciclo de aperto iniciado no ano passado.
Aécio voltou a afirmar que, se eleito, colocará a simplificação tributária como prioridade para permitir a abertura de espaço fiscal para uma redução da carga tributária no médio ou longo prazos. No dado mais recente da Receita Federal, a carga fechou 2012 em 35,85% do Produto Interno Bruto (PIB).
"No primeiro dia do governo, vou cortar pela metade os ministérios e criar uma secretaria extraordinária para apresentar e votar no Congresso Nacional uma reforma tributária em até seis meses", disse.
Ao fazer essa promessa, o senador mineiro antecipou o que seria a abertura do discurso de posse caso seja eleito. "Se pudesse antecipar aqui o discurso inaugural do meu governo seria... guerra total ao custo Brasil para que o Brasil possa simplificar o sistema tributário para abrir espaço fiscal para uma redução no médio e longo prazo a própria carga tributária", afirmou.
Aécio prometeu firmar parcerias com o setor privado para atacar os "grandes gargalos na economia", dando segurança jurídica e regras claras, o que, segundo ele, não foi ofertado pelo atual governo.
Aécio afirmou ainda que, se for eleito, pretende revisar o acordo do Mercosul para não deixar o Brasil preso às amarras da união aduaneira e pregou esforço para acordos comerciais com os Estados Unidos e a União Europeia.
O senador também prometeu impor cláusula de barreira para limitar atuação de partidos "que não significam absolutamente nada" e pregam a "mercantilização" dos apoios. Ele voltou a dizer ser favorável ao fim da reeleição com mandato de cinco anos.
Mensalão
No evento na Amcham, o tucano fez um dos ataques mais afiados contra o PT neste momento pré-eleitoral ao lembrar o episódio do mensalão, no qual expoentes petistas como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente da legenda José Genoino, entre outros, foram condenados e presos por envolvimento num escândalo de compra de apoio parlamentar no Congresso Nacional.
Ao se referir ao novo programa de televisão do PT, Aécio disse: "O PT brindou os brasileiros com uma apresentação exótica. Coloca o partido do mensalão como aquele que mais combateu a corrupção, apresenta um governo que realizou um grande número de obras de mobilidade, mas grande parte delas ficou pelo meio do caminho", afirmou.