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Política

Agência de inteligência usou programa para monitorar cidadãos no governo Bolsonaro, diz jornal

Ferramenta fornece informações sobre localização, por meio de celular, de até 10 mil pessoas

14 mar 2023 - 07h45
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Bolsonaro e Alexandre Ramagem durante cerimônia em 2019
Bolsonaro e Alexandre Ramagem durante cerimônia em 2019
Foto: Reuters

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizou um programa secreto para monitorar localização por meio do aparelho celular durante os três primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro, revela o jornal O Globo nesta terça-feira, 14.

Segundo a reportagem, a ferramenta israelense chamada FirstMile pode monitorar até 10 mil proprietários de celular em um período de 12 meses. Somente o número de celular fornecido ao programa já revela a localização aproximada de aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G.

Os dados, obtidos através das transferências de informações entre os aparelhos e torres de telecomunicação, também davam acesso ao histórico de movimentação e permitiam a criação de um alerta em tempo real sobre deslocamentos do cidadão monitorado.

Segundo O Globo, esse programa foi utilizado ao longo do governo Bolsonaro até 2021.

Um funcionário da agência, que não quis ser identificado, disse que a ferramenta operava em casos de 'segurança de Estado', burlando a lei que garante o direito à privacidade. Ainda de acordo com o funcionário, o maior problema era que o programa poderia ser acessado sem controle e sem permitir uma investigação sobre uso indevido.

R$ 5,7 milhões

O FirstMile foi adquirido pela Abin por R$ 5,7 milhões. A aquisição foi feita com dispensa de licitação, no fim de 2018, ainda na gestão de Michel Temer.

Investigação interna

O uso da ferramenta durante o governo Bolsonaro virou alvo de uma investigação interna após alguns integrantes da própria Abin questionarem a prática.

Alexandre Ramagem

A Abin foi comandada, durante o governo Bolsonaro, por Alexandre Ramagem, próximo a família do ex-presidente e se que elegeu deputado federal com apoio de Jair Bolsonaro.

Ao Globo, ele não quis comentar o assunto. "Isso é com a Abin. Tem contrato, tem tudo. A contratação está toda regular. Se tiver algum questionamento, tem que fazer à Abin".

Procurada, a Abin não se manifestou, alegando que não pode fazer comentários por questões de sigilo contratual.

Fonte: Redação Terra
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