Aliados de Bolsonaro temem mais desgaste à sua imagem após investigações em mensagens de Cid
Medo é que novas conversas venham à tona e acabem causando constrangimento ao ex-presidente
A investigação contra o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, tem provocado temor em aliados do ex-presidente. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o medo é que a quebra de sigilo das mensagens trocadas pelo investigado causem constrangimento e desgaste ainda mais a imagem política do ex-chefe do Executivo.
As quebras que expuseram os detalhes do gabinete presidencial foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, como a possível demissão de Paulo Guedes, ex-ministro da Economia, pela escalada no preço do diesel em 2021, e coisas corriqueiras do cotidiano da presidência.
Além disso, também houve a revelação de que Cid recebeu mensagens golpistas de pessoas próximas ao ex-presidente. Isso traz a possibilidade de que novas tratativas sobre o assunto surjam, pois a PF pode ter tido acesso a conversas tidas durante o período eleitoral e logo após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conforme aponta a reportagem, já com o acesso às conversas de Cid, a PF conseguiu autorização para quebra de sigilos bancário, telemático e fiscal de outras 13 pessoas, e uma empresa, entre elas, três assessores de Bolsonaro e duas assessoras de Michelle, a ex-primeira dama.
A amplitude dessas quebras de sigilo foram questionadas por interlocutores de Bolsonaro, que se queixam do acesso dos investigadores às conversas, chamando o ato de ‘fishing expedition’, ou pescaria probatória. Isto é, quando investigadores vasculham a vida privada de uma pessoas sem objetivo específico, somente tentando identificar fatos que possam ser usados contra ela futuramente.
Ainda segundo a Folha, o processo de desgaste de Bolsonaro ocorreu, como é apontado pelos ex-assessores, ao mesmo tempo em que ele enfrenta um processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode levar à inelegibilidade do político.
Esse movimento de Moraes nas investigações contra Bolsonaro não é visto com bons olhos no STF, e acaba recebendo críticas, sendo comparado até a Operação Lava Jata, que foi, em grande parte, anulada pelo próprio Supremo.