Aliados querem CPI dos ataques golpistas, mesmo sem aprovação de Lula
Parlamentares defendem investigação própria e justificam que Congresso também foi alvo de terroristas
Parlamentares de partidos aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) querem a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a invasão e depredação de prédios públicos por terroristas, no dia 8 de janeiro, em Brasília. O apoio chama a atenção, já que Lula tem se mostrado contrário à CPI.
Em entrevista a GloboNews, o presidente disse que a comissão poderia causar tumulto e que a apuração feita pelo governo já é suficiente. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), forte aliado lulista, discorda.
Segundo reportagem do jornal O Globo desta sexta-feira, 20, o parlamentar defende que a CPI complemente as investigações já em curso. "O presidente disse que é preciso todo mundo continuar vigilante. Claro que a maneira de continuarmos vigilantes é pela CPI", afirmou.
Alguns parlamentares, como o senador Omar Aziz (PSD-BA), um dos destaques da CPI da Covid, alegam ainda que o Congresso não pode abrir mão de fazer sua investigação, já que o prédio também foi alvo dos terroristas.
"O Senado tem peso nas investigações. A gente tem uma decisão de não passar a mão por cima de ninguém. A nossa Casa foi invadida e a gente quer saber quem são os responsáveis", disse.
Aziz, no entanto, acrescentou que a CPI pode ser um instrumento que "nem sempre é recomendável para os governos".
"O presidente não é contra a CPI porque não quer que investigue. O presidente dá a entender que ele é contra a CPI porque, do ponto de vista dele, a Justiça e a polícia irão esclarecer tudo para a população brasileira", completou.
Senadores do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, pretendem levar as investigações de uma possível CPI para a suposta omissão de homens de Lula, como o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
A CPI já tem assinaturas suficientes para sua instalação, mas a conta pode sofrer alterações após as declarações de Lula, uma vez que petistas já mudaram o discurso e agora pregam cautela com relação à comissão.