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Política

Alvo da PF em esquema de kit robótica repassou R$ 550 mil a empresa que fez casa de assessor de Lira, diz jornal

Pf identificou repasses feitos no mesmo período em que ocorreu a licitação dos contratos do kit de robótica

4 jun 2023 - 14h45
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Lira e o assessor Cavalcante em campanha em Alagoas
Lira e o assessor Cavalcante em campanha em Alagoas
Foto: Reprodução/Instagram/@oficialarthurlira

Um dos alvos da Polícia Federal na investigação de esquema de compras de kit robótica, Edmundo Catunda, teria repassado R$ 550 mil à empresa que construiu a casa onde mora Luciano Cavalcante. Ele é o principal auxiliar do presidente da Câmara, Arthur Lira. A informação é da Folha de S. Paulo.

Na manhã da última quinta-feira, 1º, PF deflagrou a Operação Hefesto para aprofundar a investigação sobre um esquema de fraudes em licitações de 43 municípios de Alagoas. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 8,1 milhões, mas os investigadores que o rombo nos cofres públicos pode ser maior.

Catunda é um dos sócios da Megalic, a empresa que ganhou a licitação dos contratos do kit de robótica, que está sob suspeita de desvio de dinheiro público. Tanto ele, quanto Cavalcante foram alvo da operação Hefesto.

Segundo a reportagem, durante a apuração do caso, a PF descobriu que o repasse para a Construtora EMG, responsável por erguer o condomínio em que está a casa de Cavalcante, foi realizado entre abril e outubro de 2020. Esse é o mesmo período em que foram realizados os certames para a contratação de kits robótica. Inclusive, a conta de energia elétrica do imóvel ainda está em nome da empresa. Essas informações ainda serão investigadas para saber se há relação entre os repasses do sócio da Megalic para a EMG com os desvios nos contratos.

O advogado André Callegari, que defende Luciano Cavalcante, afirmou à Folha que analisa os fatos, e que "as simples imagens mencionadas não demonstram qualquer atividade ilícita do investigado" e que Cavalcante não tem ligação com a Megalic.

Na investigação, a PF encontrou as transações financeiras da Megalic, e apura possível lavagem de dinheiro.

Ao jornal, a polícia afirmou que identificou "que foram realizadas, pelos sócios da empresa fornecedora e por outros investigados, movimentações financeiras para pessoas físicas e jurídicas sem capacidade econômica e sem pertinência com o ramo de atividade de fornecimento de equipamentos de robótica, o que pode indicar a ocultação e dissimulação de bens, direitos e valores provenientes das atividades ilícitas".

Ainda de acordo com a nota, algumas transações foram “fracionadas em valores individuais abaixo de R$ 50 mil, com o fim aparentemente de burlar o sistema de controle do Banco Central/COAF".

O advogado Eugênio Aragão, responsável pela defesa da Megalic, afirmou em nota à reportagem haver "grave equívoco" nas suspeitas da PF e que todos os contratos se deram a partir de parâmetros técnicos do Ministério da Educação e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, com processo licitatório e ampla competitividade.

Já o Tribunal de Contas da União (TCU) declarou, em nota, que não viu direcionamento nem preços incompatíveis. Além de dizer que a reportagem da Folha que deu origem à investigação fez “comparação indevida” dos produtos da Megalic com kits de qualidade inferior.

Luciano Cavalcante (primeiro da foto) durante ato de campanha de Lira, em setembro de 2022
Luciano Cavalcante (primeiro da foto) durante ato de campanha de Lira, em setembro de 2022
Foto: Reprodução/Instagram Arthur Lira / Reprodução/Instagram Arthur Lira

Assessor de Lira envolvido 

A Polícia Federal chegou a Luciano Ferreira Cavalcante, ex-assessor de Arthur Lira (PP-AL), após seguir um casal de Brasília, que estaria desviando verba por meio da empresa Megalic, que recebia dinheiro de contratos de kits de robótica assinados no governo de Jair Bolsonaro (PL). O casal foi preso na quinta-feira, 1º, na operação que também fez buscas contra Luciano Cavalcante.

Através das transações da Megalic, a PF chegou até o casal, descobrindo uma intensa movimentação de saques em espécie em agências bancárias e posteriores entregas. A investigação trabalha com a hipótese de que os valores tivessem agentes públicos como destino.

Entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a polícia acompanhou e filmou ao menos dez idas do casal a agências bancárias e entregas de valores em Brasília, cidades próximas e em Maceió.

Em janeiro, a PF flagrou o veículo usado por esse casal na capital de Alagoas. Ao investigar o veículo, os agentes descobriram que o carro estava em nome de uma pessoa, mas era utilizado e ficava na residência de Cavalcante e sua esposa, Glaucia.

Nesse episódio do flagra, a PF acompanhou o casal de operadores de Brasília indo até a casa do então assessor de Lira. Glaucia foi filmada dirigindo o veículo com os dois durante deslocamentos em Maceió.

A defesa de Cavalcante disse que analisa os fatos, mas que "as simples imagens mencionadas não demonstram qualquer atividade ilícita do investigado", afirmou o advogado André Callegari.

A Megalic, empresa que fornecia os kits, funcionava em uma pequena casa no bairro de Jatiuca, em Maceió. A empresa não produz os kits de robóticas, sendo apenas uma intermediária e tendo fechado contratos milionários de ao menos R$ 24 milhões.

A Megalic está em nome de Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD). 

Fonte: Redação Terra
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