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Política

Analista americano afirma que nos EUA há "certa preferência" por Aécio

21 out 2014 - 18h11
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Os círculos de poder nos Estados Unidos têm "certa preferência" pelo candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, afirmou nesta terça-feira em São Paulo o presidente emérito do centro de estudos americano Inter-American Dialogue, Peter Hakim.

"Aécio tem certa preferência nos Estados Unidos, mas sei que os Estados Unidos não veem uma mudança imediata enorme" caso o tucano derrote a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, nas eleições de domingo, disse Hakim.

O acadêmico especializado em Brasil revelou que escutou de um funcionário do Departamento de Estado americano a palavra "adversários" para referir-se ao governo brasileiro, depois da crise aberta pela espionagem americana sobre Dilma e a Petrobras denunciada por Edward Snowden.

"Pela primeira vez escutei a palavra adversários por parte de um diplomata americano para referir-se ao Brasil", declarou Hakim ao referir-se ao escândalo que provocou o cancelamento de uma visita de Estado de Dilma em 2010 ao presidente americano, Barack Obama.

O acadêmico falou com jornalistas estrangeiros e brasileiros na Faculdade Armando Alvares Penteado (FAAP) de São Paulo, ao lado do ex-embaixador e ex-ministro de Economia, Rubens Ricupero, com quem abordou a agenda bilateral Brasil-Estados Unidos.

Segundo Hakim e Ricupero, a decisão do Brasil de comprar caças suecos ao invés dos americanos da Boeing para modernizar sua frota militar não ajudou na melhora das relações bilaterais.

Segundo o presidente do Inter-American Dialogue, "não será fácil mudar" o ritmo da relação, mas, segundo sua opinião, dentro do governo de Washington "seria mais fácil com Aécio Neves".

Nesse sentido, citou o consultor, ex-presidente do Banco Central e provável ministro da Fazenda de Aécio, Armínio Fraga, sobre quem disse ter "muitos admiradores" em Washington.

Perante uma pergunta da Agência Efe, oficialmente Washington "permaneceu em silêncio" nas eleições brasileiras, já que na América Latina quando um candidato recebe a oposição oficial de Washington "ganha mais apoio interno" entre sua população.

Hakim lembrou que historicamente Brasil e Argentina se opuseram a acordos comerciais com os EUA, atual segundo parceiro comercial do Brasil, deslocado do primeiro lugar recentemente pela China.

Mas esclareceu também que a situação atual dos EUA, "onde se perdeu o centro político no Congresso devido às posições radicalizadas de republicanos e democratas", poria em xeque a assinatura de um acordo de livre-comércio.

Caso haja uma mudança de governo no Brasil, "Aécio deverá mostrar mais independência" porque não pode "de um dia para o outro" querer um acordo de livre-comércio.

"Com todos os negociadores latino-americanos de países que assinaram acordos de livre-comércio que conheço, todos saíram dali com um gosto amargo", comentou Hakim.

O especialista questionou ainda o que chamou "duas obsessões" de Washington, como manter o bloqueio a Cuba e o apoio incondicional a Israel, temas que não poderão ser modificados por conta do clima eleitoral nos EUA.

Ex-ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco em 1994 e ex-embaixador em Washington e Roma, Ricupero esclareceu que a política externa brasileira não deve dividir-se entre os que querem acordos de livre-comércio e os que o rejeitam.

"O que faz diferença para o comércio do Brasil não é um acordo em si, mas a relação do produto com o preço e a qualidade. O Brasil é competitivo em minério de ferro, soja, suco de laranja, algodão, etanol, açúcar", enumerou.

Diretor da Faculdade de Economia da FAAP, Ricupero se perguntou como viverá a indústria brasileira em uma negociação de livre-comércio "se já está perdendo competitividade frente às importações com o protecionismo atual".

Tanto Ricupero como Hakim ressaltaram a função do Chile, que se ofereceu para ser a "ponte" entre o Mercosul e os países da Aliança do Pacífico.

"A integração natural entre América do Sul se dá com o progresso da Unasul. Com os Estados Unidos isso deve acontecer em uma segunda etapa", avaliou o analista americano.

EFE   
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