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Política

Anderson Torres usou PF para pressionar TSE, mostra vídeo; assista

Ex-ministro da Justiça foi alvo de operação da Polícia Federal que investiga tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito; procurada, defesa de Anderson Torres diz que só se manifestará após ter acesso aos autos

9 fev 2024 - 18h28
(atualizado às 19h14)
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Anderson Torres está preso preventivamente desde 14 de janeiro.
Anderson Torres está preso preventivamente desde 14 de janeiro.
Foto: Carolina Antunes/PR

BRASÍLIA - Em sua fala durante a reunião golpista de 5 de julho de 2022, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres indicou ter montado um grupo na Polícia Federal para pressionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o processo de preparação das eleições presidenciais.

"Nós montamos um grupo na Polícia Federal com uma equipe completa, com delegados, peritos e agentes, para acompanhar, realmente, o passo a passo das eleições, para fazer os questionamentos necessários que têm de ser feito, e não só as observações. A gente vai atuar de forma incisiva", afirmou o ex-ministro da Justiça.

Torres foi um dos alvos da operação Tempus Veritatis, deflagrada nessa quinta-feira, 9, para investigar a tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. O ex-ministro da Justiça chegou a ficar preso.

A Polícia Federal apura a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de generais das três Forças Armadas e de auxiliares. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Uma das provas usadas na investigação é o vídeo da reunião ministerial do dia 5 de julho, tornado publicado nesta sexta-feira, 9. A fala de Torres durou pouco mais que seis minutos. Ele inicia citando o próprio Bolsonaro. "Não sei nem se todos aqui têm estrutura para o que a gente está falando aqui, mas eu queria começar com uma frase que eu acho muito verdadeira. E o exemplo da Bolívia é o grande exemplo pra todos nós. Senhores, todos vão se foder", afirmou.

Em sintonia com o chefe, Jair Bolsonaro, Torres afirmou que "a gente precisa atuar agora". "É um momento realmente de entender o que tá sendo colocado aqui, está certo? De cada um adotar sua postura daqui pra frente em relação ao que vai acontecer no Brasil nos próximos meses", disse.

O ministro da Justiça relatou também que "o outro lado joga muito pesado". "Realmente é ameaçador o que está acontecendo. Do lado de lá, é ameaça direta", disse. Em seguida, afirmou estar desentrenhando a "velha relação do PT com o PCC". PT é o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o principal adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022. "Isso tudo está vindo à tona. Isso não é mentira. Isso não é mentira", disse.

De acordo com a Polícia Federal, o grupo alvo da operação era organizado por seis frentes de atuação. Torres fazia parte do Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral e do Núcleo Jurídico.

Procurada, a defesa de Anderson Torres, feita pelo advogado Eumar Novacki, informou que está buscando acesso aos autos e que somente vai se manifestar após analisar o processo.

Torres já cumpre medidas cautelares em razão dos atos golpistas do dia 8 de Janeiro de 2023. Naquela data, quando a Praça dos Três Poderes foi invadida por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mas estava de férias nos Estados Unidos.

Estadão
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