André Vargas pode renunciar até amanhã, diz líder do PT
Vice-presidente da Câmara é acusado de envolvimento com doleiro preso pela Polícia Federal
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), pode renunciar ao mandato até amanhã, antes da abertura de um processo contra ele no Conselho de Ética, informou nesta terça-feira o líder do PT, deputado Vicentinho (SP). Vargas pediu licença por 60 dias da Câmara em meio a denúncias de ligação com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal em uma operação que investigou um esquema de lavagem de dinheiro.
“Ele está refletindo (sobre a possibilidade de renunciar) e essa decisão cabe estritamente a ele. Nós dialogamos, refletimos um pouquinho com ele, mas é claro que tem de respeitar a decisão dele. Por enquanto ele está de licença e de hoje para amanhã a gente pode ter o desfecho”, disse Vicentinho. Questionado qual seria o desfecho, o líder respondeu que Vargas deve escolher entre continuar licenciado ou abrir mão de vez do mandato.
Para decidir sobre a renúncia, André Vargas calcula se escaparia da inelegibilidade se renunciasse antes da abertura do processo no Conselho de Ética, prevista para acontecer amanhã. Pela Lei da Ficha Limpa, a renúncia depois de “representação ou petição capaz de autorizar abertura de processo” já impediria a candidatura. Técnicos da Câmara e o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), acreditam que a inelegibilidade só ocorre a partir do processo no colegiado. “Poderá renunciar até a hora que se instaure o processo no conselho de ética. A partir da hora que se instaurar o processo, não poderá haver a renúncia”, disse.
O Conselho de Ética analisará uma representação do PSDB, DEM e PPS após a divulgação de que Vargas viajou em um jatinho pago por Alberto Youssef, preso na operação que investigou um esquema que teria movimentado R$ 10 bilhões. Também foram divulgados diálogos em que o parlamentar trata com o doleiro de um contrato com o Ministério da Saúde.
Para a oposição, há suspeita de vantagem indevida na solicitação e no fretamento do avião, com custo estimado em R$ 100 mil. As conversas sobre a empresa Labogen e Ministério da Saúde configuram, segundo a representação, “prática de irregularidades graves no desempenho do mandato, na medida em que tais informações e o eventual acesso privilegiado a autoridades” foram obtidas “apenas e tão somente em função do exercício do mandato de deputado federal”.
A representação no Conselho de Ética pode levar à cassação do deputado. Para isso, o processo precisa passar pelo colegiado e depois pelo plenário da Câmara, onde agora a votação é aberta.