Apesar de 'abandono', Bolsonaro defende André Mendonça
Mesmo diante de dificuldades para emplacar sua indicação ao STF, presidente disse que maioria do Parlamento 'dança mesma música' do governo
O presidente Jair Bolsonaro defendeu a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF), negou que esteja trabalhando contra o ex-ministro da Justiça e disse acreditar na aprovação do nome à Corte pelo Senado. Por outro lado, já trabalha com a hipótese de não ver sua indicação aceita e afirmou que, caso Mendonça seja rejeitado, indicará outro evangélico.
O Planalto não tem articulado formas de pressionar o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a pautar a sabatina de Mendonça no colegiado, o que tem levado o mundo político a falar em abandono do ex-ministro pelo governo.
"Espalham boatos de que eu estaria trabalhando contra o André, não tem cabimento", disse Bolsonaro em entrevista à Jovem Pan. "André Mendonça tem resistência por parte de alguns, mas acredito que passe. [...] André sabe a Bíblia toda e conhece a legislação muito bem", acrescentou. Ao indicar Mendonça, Bolsonaro cumpriu promessa de indicar alguém "terrivelmente evangélico" para a Suprema Corte. "No compromisso que fiz junto aos evangélicos, eu indico outro evangélico. Mas acho que vai dar certo o André", declarou o chefe do Executivo sobre a possibilidade de ter a indicação rejeitada.
Em seguida, Bolsonaro discorreu sobre o perfil que deseja para um magistrado: "o que eu quero de um ministro do Supremo? A pauta de costumes, a questão da economia, o marco temporal", afirmou, na entrevista. O presidente, porém, não quis comentar sobre a resistência de Alcolumbre para pautar a sabatina de André Mendonça. "Não quero entrar em boatos. Todo mundo quer poder", limitou-se a dizer.
De acordo com o chefe do Executivo, ele não recebeu pressões para indicar o ex-ministro ao STF, mas afirmou que é preciso ter nomes que passem no Senado, a Casa responsável por aprovar indicações à instância máxima do Judiciário. "(É preciso) alguém que tome Tubaína comigo e passe lá por aquele gargalo que é o Senado", declarou. Também por isso, disse Bolsonaro na entrevista, ele indicou o ministro Kassio Nunes Marques, já em atuação no Supremo. "Era o nome que passaria com tranquilidade lá", acrescentou. O presidente também disse manter encontros regulares com Nunes Marques. "Uma vez por mês. Às vezes, duas".
Apesar das dificuldades para emplacar Mendonça, Bolsonaro disse que, hoje em dia, a maioria do Parlamento "dança a mesma música" que o governo. Ele ainda voltou a dizer que o presidente que assumir em 2023 indicará dois ministros para o STF. "Devagar, vai mudando", declarou. Em 2023, aposentam-se da corte os ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.