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Política

Após cobrar revisão na coalizão, Renan desiste de ir a jantar com Dilma

2 mar 2015 - 19h53
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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta segunda-feira à Reuters que não irá ao jantar da presidente Dilma Rousseff com a cúpula do PMDB para discutir a relação do governo com o maior partido aliado no Congresso, alegando que como presidente de um poder não pode misturar as reuniões políticas com sua posição institucional.

Presidente do Senado Renan Calheiros durante sessão em Brasília. 03/12/2014.
Presidente do Senado Renan Calheiros durante sessão em Brasília. 03/12/2014.
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

   A decisão do presidente do Senado causou estranheza na cúpula do partido, segundo um peemedebista ouvido pela Reuters, principalmente porque Renan foi uma das vozes mais estridentes da legenda nos últimos dias, classificando a coalizão do governo de “capenga” e exigindo maior participação do PMDB nas decisões do governo.

   “Eu não vou porque sou presidente do Senado e o Senado não é do PMDB, é de todos os partidos”, disse Renan à Reuters nesta segunda. “Não quero confundir uma reunião política, que é um avanço importante do governo, com a instituição”, acrescentou.

   Ao contrário de Renan, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), irá ao jantar, independentemente de sua posição.

   Um peemedebista ouvido pela Reuters considerou “estranha” a decisão de Renan, porque ele “já participou de reuniões desse tipo mesmo estando na presidência do Senado em outras ocasiões”, disse sob condição de anonimato. “E dessa vez ele mesmo foi o que mais cobrou uma reunião com a presidente para rediscutir o papel do PMDB na coalizão”, argumentou.

   O jantar no Palácio da Alvorada acontece num momento em que a presidente está com baixa popularidade e tenta reunir o apoio de seus aliados para aprovar medidas de ajuste fiscal que estão tornando mais difícil o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, a equipe econômica tem anunciado redução de benefícios tributários para a indústria e acenado com um forte corte orçamentário.

Nas reuniões que tem mantido com as bancadas da base aliada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem estimado um ajuste fiscal e orçamentário na casa dos 80 bilhões de reais, que envolveria também medidas para melhorar a receita.

   A relação do Executivo com o PMDB no Congresso sempre foi tensa durante o primeiro mandato de Dilma, mas agora os peemedebistas estão exigindo maior participação nas decisões do governo e não querem mais ser acionados apenas “para apagar incêndios”, segundo parlamentares ouvidos pela Reuters nos últimos dias.

   As cobranças por uma mudança de tratamento já são públicas até mesmo por parte do vice-presidente Michel Temer, que também preside a legenda, e que até então evitava fazer críticas públicas ao governo e à presidente.

   Em reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, os peemedebistas também teceram um rosário de críticas à Dilma e aos ministros do núcleo político do governo. No partido, aliás, há expectativa de que a presidente convide Temer para integrar seu núcleo de aconselhamento político, composto atualmente apenas por ministros do PT.

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