Após ficar inelegível, Hang diz respeitar TSE e nega acusações: 'Apenas manifestei minha opinião’
Segundo o TSE, o empresário praticou abuso de poder econômico nas eleições municipais de Brusque, em Santa Catarina
Depois de ter ficado inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o empresário Luciano Hang declarou que respeita a decisão e que não fez nada de errado. O TSE julgou que ele praticou abuso de poder econômico nas eleições municipais de 2020.
Em nota, obtida pelo Terra, Hang diz ter manifestado sua liberdade de expressão, expondo o que achava ser apropriado para que Brusque, em Santa Catarina, continuasse sendo uma região com boas oportunidades de trabalho, bons índices de segurança pública e boa qualidade de vida.
Nesta quinta-feira, 4, o colegiado cassou os mandatos do prefeito de Brusque, Ari Vequi (MDB), e do vice-prefeito, Gilmar Doerner (Republicanos). O TSE entendeu que Luciano Hang fez ostensivamente campanha em favor da eleição de Vequi mobilizando sua empresa, a rede de lojas Havan, para favorecer o candidato em detrimento dos adversários.
Confira o posicionamento de Luciano Hang na íntegra:
- Brusque é um exemplo para o nosso país. Uma cidade com pleno emprego, que acolhe milhares de pessoas de todo o Brasil em busca de oportunidades, possui a cultura empreendedora, apresenta bons índices na segurança pública e ótima qualidade de vida.
- Como cidadão, que nasceu e mora em Brusque, manifestei a minha liberdade de expressão, expondo aquilo que achava mais apropriado para que nossa cidade continuasse seguindo nesse caminho.
- Por fim, foi o povo que escolheu pela continuidade da geração de empregos e da qualidade de vida em Brusque.
- Respeito o Tribunal Superior Eleitoral, mas tenho a convicção de que nada fiz de errado, pois sei que apenas manifestei a minha opinião como qualquer cidadão.
Entenda o caso
Durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro, Hang foi um dos empresários mais próximos ao chefe do Executivo. Em 2020, ele chegou a ser alvo de bloqueio de bens e busca e apreensão em investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) em inquérito que apurava ataques a ministros da corte.
Na ação movida pela chapa formada por Podemos, PT, PSB e PV, a alegação é de que a estrutura, bens, funcionários, fornecedores, além de ações de marketing e da própria marca, foram usados para favorecer a chapa vitoriosa.
Na retomada do julgamento nesta quinta, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, abriu divergência em relação ao relator da ação e agora ministro aposentado, Ricardo Lewandowski, e votou para condenar os envolvidos.
Segundo Moraes, houve uma "verdadeira campanha paralela" para prejudicar campanhas adversárias, o que leva a um desvirtuamento da lisura das eleições.
"Se nós autorizarmos empresas que estabeleçam durante a campanha publicidade paralela sem nenhum limite, nós estaremos placitando o abuso de poder econômico", afirmou.
Moraes foi seguido pelos ministros Benedito Gonçalves, Cármen Lúcia, Sergio Banhos e Carlos Horbach. Foram votos vencidos os ministros Lewandowski e Raul Araújo.
O TSE informou que uma nova eleição deverá ser realizada para eleger novos prefeito e vice-prefeito do município catarinense.