Após viagem ao Catar, mulher de Eduardo Bolsonaro responde a críticas bolsonaristas
Para rebater críticas por viagem ao Catar, Heloísa Bolsonaro afirmou que marido e filho do presidente ficou 'arrasado' com vitória de Lula, mas precisa manter 'bom trânsito' internacional
Com o marido sob críticas por ter viajado ao Catar enquanto apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) pegam chuva na frente de quartéis do Exército, a psicóloga e influencer Heloísa Bolsonaro, mulher do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tentou justificar a presença no casal no País sede da Copa do Mundo.
"Pode parecer que estamos curtindo a vida, mas vocês sequer imaginam a tal 'vida' que levamos. Somos aliados nessa luta. Nunca foi fácil", escreveu em sua rede social.
Além de provocar críticas de opositores de Eduardo e do presidente Bolsonaro, a ida também resultou em uma avalanche de comentários de bolsonaristas insatisfeitos, que têm boicotado os jogos da Copa e protestado contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em frente a quartéis e rodovias.
"Ter ido para a Copa, representando nosso Brasil, foi algo organizado para para ser vivido num momento de felicidade. Quando tivemos o resultado da eleição ficamos arrasados e sem clima para nada. Por várias vezes discutimos 'qual o clima de irmos viajar?'. Mas não viemos apenas para assistir um jogo. Quem só enxerga isso, não vê adiante o que existe por trás", afirmou Heloísa em uma postagem no Instagram.
"Eduardo é uma figura que transita muito bem internacionalmente e independentemente do que possa acontecer no Brasil, mais do que nunca, é preciso manter isso. Não é sobre futebol. Essa é uma visão muito simplista", declarou ela.
O filho '03' do presidente foi o responsável durante o governo do pai por articular reuniões com representantes de direita e extremistas da política mundial, como Steve Bannon, que foi estrategista do ex-presidente americano Donald Trump.
Em nota, a Câmara declarou que o deputado "informou, no dia 23 de novembro, à Presidência da Câmara dos Deputados que ficará ausente do país entre os dias 23 de novembro e 5 de dezembro, quando estará em viagem de caráter particular ao Oriente Médio".
De acordo com a Casa Legislativa, a viagem dele não foi bancada com recursos públicos. "Não há ônus para a Casa", afirmou a instituição. Questionada pelo Estadão, a Câmara se recusou a enviar o ofício em que o deputado informa isso e alegou que é "um ofício interno".
Na terça-feira, 29, Eduardo divulgou um vídeo alegando que não foi para o Catar apenas para ver jogos da Copa. Mostrou uma mão cheia de pen drives que conteriam vídeos em inglês sobre a "situação do Brasil" e que isso seria apresentado a representantes de outros países. O vídeo virou piada nas redes sociais, com mensagens dizendo que o deputado foi ao país para vender pen drives e que ele desconhece a tecnologia de armazenamento e compartilhamento por nuvem. "Quem está zombando do pen drive não faz ideia de que certas conversas e certos assuntos só podem ocorrer pessoalmente e com o conteúdo em mãos", afirmou a psicóloga.
Heloísa, que costuma compartilhar rotineiramente sua vida pessoal no Instagram, afirmou que reduziu as postagens com esse teor após o sogro ter perdido para Lula na eleição presidencial deste ano. "Desde o resultado das eleições tenho usado meu perfil de Instagram praticamente para fins de trabalho. Parei de dividir meu dia a dia como antes fazia, por simplesmente as coisas não estarem normais, nem bem e nem feliz", disse.
Ela ainda alegou que a viagem ao Catar não foi feita de forma sigilosa, embora nem Heloisa nem o marido, assíduos usuários de redes sociais, tenham divulgado que estavam no País sede da Copa do Mundo. A ida dela e de Eduardo ao mundial de futebol só foi descoberta após eles aparecerem em uma transmissão da FIFA na segunda-feira, 28, durante o jogo entre Brasil e Suíça. "Eduardo e eu fomos assistir ao jogo do Brasil na área de convidados da FIFA, cercados de imprensa. Não estávamos disfarçados, tiramos fotos com vários brasileiros. O tal flagra não foi um flagrante, foi algo esperado visto que estávamos em um lugar público e de holofotes".
A psicóloga também negou que recursos públicos tenham sido usados para financiar a ida ao país árabe. "Uma viagem ao Catar não é planejada em um mês. Assumimos o compromisso com o anfitrião 01 ano atrás e no início deste ano começamos a pagar parcelado. Não houve ônus para Câmara e nem jatinho privado, como a esquerda começou a inventar".