As contradições de Wassef no caso das joias: veja o que o advogado de Jair Bolsonaro já disse
defensor do ex-presidente negou ter participado de negociações sobre itens de luxo; nesta terça, admitiu ter recomprado um Rolex, com 'recursos próprios', para devolver ao TCU
O advogado criminalista Frederick Wassef mudou a versão sobre a participação dele no esquema das joias envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em nota divulgada dois dias após a operação da Polícia Federal (PF), ele negou ter conhecimento do caso e ter comprado quaisquer objetos de luxo. Já nesta terça-feira, 15, Wassef admitiu ter recomprado o relógio da marca Rolex vendido no exterior por assessores do ex-chefe do Executivo com o objetivo de devolvê-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU).
O advogado foi um dos alvos da Operação Lucas 12:2 e teve um dos seus imóveis, no bairro do Morumbi, em São Paulo, vasculhado na sexta-feira, 11. A corporação investiga a existência de esquema internacional de venda de presentes que Bolsonaro ganhou em agendas oficiais. Wassef teria recuperado o relógio que o ex-presidente ganhou de presente do governo da Arábia Saudita - cravejado com diamantes e platina -, após a Corte determinar a devolução do item.
'Total armação'
No domingo, 13, Wassef divulgou uma nota dizendo ser vítima de "uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos". Ele disse que ficou sabendo da existências das joias "no início deste ano de 2023 pela imprensa" e negou ter participado de negociações. "Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta nem indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda."
A nota não menciona e tampouco nega o caso específico do Rolex, objeto por meio do qual a PF vincula o advogado ao esquema. "Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isso é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação", disse.
Wassef confirmou que comprou o relógio a pedido, mas não revelou quem orientou essa ação e tentou blindar o ex-presidente. "Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro e não foi Coronel Cid. No momento oportuno eu falarei", disse o advogado. Ele também se negou a mencionar detalhes da compra. "Se quiserem perguntar detalhamentos (qual voo, que horas entrou, para quem você deu), nesse momento não vou poder falar."
Outro ponto do qual ele tratou na entrevista foi a duração da sua viagem aos Estados Unidos. "Se alguém vai com a missão de fazer um resgate, fica três dias, compra o relógio e volta. Eu já estava com a viagem marcada e já ia para os EUA de qualquer jeito", disse Wassef na entrevista. De acordo com a PF, a viagem do advogado durou 15 dias.