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Política

As razões de Moro para aceitar ser ministro da Justiça de Bolsonaro

Juiz se reuniu com o presidente eleito nesta quinta-feira; Moro citou possibilidade de 'consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos'.

1 nov 2018 - 12h07
(atualizado às 15h13)
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Moro disse que pesou na sua decisão a chance de implementar uma 'forte agenda anticorrupção'
Moro disse que pesou na sua decisão a chance de implementar uma 'forte agenda anticorrupção'
Foto: REUTERS/Rafael Marchante / BBC News Brasil

O juiz Sérgio Moro anunciou nesta quinta-feira que aceitou o convite para ser Ministro da Justiça e da Segurança Pública no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

Ao aceitar o cargo, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba terá de abandonar o julgamento dos processos da Operação Lava Jato e deixar sua carreira de juiz - e passará a ser subordinado ao presidente da República, já que deixará um cargo no Judiciário para ir para o Executivo.

Um dia após ser eleito, Bolsonaro disse que gostaria de ter Moro no Ministério da Justiça ou de indicá-lo para o Supremo Tribunal Federal (STF).

A vaga no Supremo, no entanto, depende da saída de atuais ministros - o que deve acontecer em 2020, quando o ministro Celso de Mello completar 75 anos e se aposentar compulsoriamente. No ano seguinte outra vaga se abrirá com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello.

Moro afirmou, em nota sobre a questão, que deixar sua carreira de 22 anos na magistratura o faz sentir "um certo pesar".

Em uma entrevista em 2016 ao jornal o Estado de S. Paulo, Moro dissera que jamais entraria para a política.

"Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política", disse à época. "Acho que a política é uma atividade importante, não tem nenhum demérito, pelo contrário, existe muito mérito em quem atua na política, mas eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe esse risco."

O que o levou, então, a aceitar o convite para ser ministro da Justiça agora?

Juiz federal foi ao Rio nesta quinta-feira para conversar e aceitar o convite
Juiz federal foi ao Rio nesta quinta-feira para conversar e aceitar o convite
Foto: MAURO PIMENTEL/AFP / BBC News Brasil

'Superministério'

Segundo o próprio juiz, o que o fez aceitar se desligar do Judiciário e virar ministro foi a "a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado" no Executivo.

"Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior", disse, em nota.

Moro foi para o Rio de Janeiro na manhã desta quinta para se encontrar com Bolsonaro no condomínio onde mora o presidente eleito.

Os dois discutiram o convite, a política e a configuração do novo ministério, que concentrará as atribuições da atual pasta da Justiça com outras estruturas, como a área de Segurança Pública.

Ainda não ficou claro se também se juntarão à nova pasta o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que é ligado ao Ministério da Fazenda.

Moro afirma que a nova agenda será implementada "com respeito à Constituição, à lei e aos direitos" e chamou de "valorosos" os juízes locais que devem ficar responsáveis por dar seguimento aos processos da Lava Jato em Curitiba.

O juiz deve dar entrevista sobre o assunto na próxima semana.

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