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Política

Ataques a jornalistas são prática frequente de Bolsonaro

No domingo, presidente fez ameaça a repórter ao ser questionado sobre repasses de R$ 89 mil de Fabrício Queiroz para a primeira-dama

24 ago 2020 - 09h23
(atualizado às 09h33)
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A repudiar a ameaça do presidente Jair Bolsonaro a um reporter nesse domingo, 23, entidades de defesa da liberdade de imprensa destacaram o "histórico de forte hostilidade de Bolsonaro contra jornalistas". Questionado sobre repasses de R$ 89 mil feitos por Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), à primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente respondeu: "Vontade de encher sua boca de porrada".

Presidente Jair Bolsonaro em Brasília
22/05/2020 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília 22/05/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Desde o início de seu mandato, Bolsonaro vem demonstrando carecer de preparo emocional para prestar contas à sociedade por meio da imprensa, uma responsabilidade de todo mandatário nas democracias saudáveis. Jornalistas têm sido vítimas de agressões verbais constantes", diz nota conjunta da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Artigo 19, Conectas, Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB e Repórteres Sem Fronteiras divulgada no domingo.

Relembre outros ataques do presidente a jornalistas:

"Você tem uma cara de homossexual terrível" e "pergunte para a tua mãe"

Em dezembro do ano passado, após o presidente afirmar que era o responsável por um empréstimo de R$ 40 mil destinado a Queiroz, um jornalista perguntou se ele teria o comprovante. "Oh, rapaz, pergunte para a tua mãe o comprovante que ela deu ao teu pai, está certo?", respondeu.

Na mesma entrevista, ao ser questionado por outro jornalista se Flávio teria cometido um deslize, em referência à operação de busca e apreensão em endereços ligados ao senador ocorrida dois dias antes, Bolsonaro disse a um repórter: "Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual".

"Cala a boca" três vezes na mesma entrevista

Um dia após nomear o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Souza, em maio deste ano, o presidente negou interferência no órgão e, quando questionado se havia determinado a troca do superintendente do Rio de Janeiro, evitou a pergunta com uma réplica autoritária.

"Cala a boca", gritou o presidente nas três vezes em que foi indagado sobre o assunto em frente ao Palácio da Alvorada. Na ocasião, também deixou o local sem responder a perguntas.

Mentiu e chamou jornalista de mentirosa na mesma frase

Em março, o presidente acusou a colunista do Estadão e editora do site BR Político, Vera Magalhães, de ter mentido em suas reportagens imputando afirmação nunca escrita por ela.

"A jornalista Vera Magalhães, que foi uma mentirosa sem qualquer compromisso com a verdade, está divulgando que eu faria um movimento dia 31 de março na frente dos quartéis", afirmou, incorretamente. No mês anterior, Bolsonaro já havia atacado a jornalista durante uma transmissão ao vivo.

Insinuação sexista

Bolsonaro fez insinuações sobre o trabalho da jornalista Patrícia Campos Mello, repórter do jornal Folha de S.Paulo, em fevereiro deste ano. "Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim", disse Bolsonaro aos risos na saída do Palácio da Alvorada.

Ele fez a declaração ao comentar o depoimento de um ex-funcionário da Yacows, uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, na CPI das Fake News no Congresso. Hans River já tinha ofendido a jornalista ao dizer que ela havia se insinuado para ele em troca de uma reportagem sobre o uso de disparos de mensagens na campanha eleitoral. Suas declarações na comissão foram contestadas em mensagens de texto e em áudios divulgados pela Folha. Apesar disso, Bolsonaro endossou a versão.

Impulsionou informação falsa sobre jornalista no Twitter

Em março do ano passado, o presidente atacou a imprensa, também valendo-se de informações falsas, publicando no Twitter tese que falsamente atribuiu a uma jornalista do Estadão a declaração de que teria "intenção" de "arruinar Flávio Bolsonaro e o governo".

Estadão
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