Ato bolsonarista na Paulista mirou em Moraes, mas clima festivo deu lugar a empurra-empurra
Manifestantes precisaram ser socorridas devido a desmaios em meio à multidão; discurso pedia impeachment de Moraes e anistia a presos do 8/1
Com calor, música alta e espaço intransitável, a manifestação pró-Bolsonaro que aconteceu na Avenida Paulista, na tarde deste sábado, 7, mais pareceu um carnaval. Vestidos de verde e amarelo, com bandeiras do Brasil amarradas às costas e faixas que pediam o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes coladas nas testas suadas, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro lotaram uma das principais vias de São Paulo.
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O ato começou de maneira tranquila. Enquanto carros de som tocavam músicas que remetiam às campanhas anteriores de Jair Bolsonaro, apoiadores sorriam e conversavam às margens da avenida. Alguns até se animaram para dançar. O clima descontraído foi na contra-mão do que disse o ex-presidente, de que não se tratava de um dia de comemoração.
No entanto, com o passar das horas, o clima começou a mudar. A aglomeração provocou situações de desconforto, e a reportagem do Terra viu empurra-empurra e pessoas desmaiadas, sobretudo entre os idosos presentes. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, foram destinados dois mil agentes para garantir a segurança do ato. No entanto, posicionados em cantos afastados, não foram vistos nos momentos de brigas, ameaças de morte ou quando as pessoas precisaram de socorro.
Reivindicações
Convocados por Bolsonaro e Silas Malafaia, o ato teve como foco o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e a anistia dos presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. "Cabeça de ovo, supremo é o povo", ecoavam os bolsonaristas, em referência ao ministro.
Entre os manifestantes, a crítica foi generalizada.
"Estamos manifestando os absurdos que estão acontecendo no nosso Brasil. A esquerda está enraizada. Cada lugar, às vezes até no metrô, nos ônibus, tem o PCC. Eles enraizaram", opinou Eduardo Fernando, de 65 anos.
O trabalhador autônomo acredita que Elon Musk está entre as soluções para a situação do Brasil.
"Ele vai chegar, vai conseguir a cidadania brasileira. Ele, aqui dentro, talvez consiga alguma coisa. Como ele é muito informado na informática, ele vai soltar os robozinhos dele e vai conseguir um áudio, alguma coisa, porque a mentira não é coberta pela eternidade", acrescentou, sobre o embate entre o empresário dono do X, antigo Twitter, e o ministro do STF.
O advogado Rodrigo dos Campos, de 46 anos, por sua vez, destaca que os manifestantes pretendiam "fortalecer a classe política" em meio ao que chamou de "ditadura de toga" que o Brasil está vivendo.
Eleições de São Paulo
Embora o apoio a Bolsonaro e o desejo de uma nova eleição do ex-presidente sejam praticamente unânimes entre os manifestantes, as opiniões se dividem em relação às eleições municipais de 2024. Bonés com o símbolo do candidato Pablo Marçal (PRTB) eram vendidos e usados em diversos pontos da multidão. Por outro lado, muitos bolsonaristas reprovaram o nome do ex-coach e empresário para a prefeitura da capital paulista.
Ricardo Nunes (MDB), candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, não conquistou a simpatia do público presente. O manifestante Rodrigo dos Campos, por exemplo, chegou a dizer que o atual prefeito não representa "nem 10%" das pessoas alinhadas com as ideias dele anteriormente.
"Dos dois candidatos, nenhum ganhou meu voto por discurso, plano ou projeto político. Vou simplesmente tentar evitar uma catástrofe", afirmou.
Além dos dois prefeituráveis, candidatos à Câmara Municipal de São Paulo aproveitaram o ato para promover suas respectivas candidaturas, com distribuição de 'santinhos', vídeos e discursos.