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Política

Barros não participou de reunião sobre vacina, diz Catori

A declaração vai ao encontro do que falou o líder do governo na Câmara em depoimento à CPI da Covid

24 ago 2021 - 12h48
(atualizado às 12h56)
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Sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Catori
Sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Catori
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

Sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Ramalho Catori afirmou à CPI da Covid nesta terça-feira, 24, que o deputado e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), não participou de reuniões com o governo sobre a vacina Convidencia, do laboratório chinês CanSino, que era representado pela Belcher no Brasil durante um período no primeiro semestre.

Catori ainda afirmou que a audiência da qual participou com a presença de Barros não discutia vacinas e ainda contava com a presença de outras seis empresas. "A audiência foi registrada pelo ministério. Não se tratou portanto de agenda às escuras e sem registro sobre a vacina Convidencia", disse.

A declaração vai ao encontro do que falou Barros em depoimento à CPI. Na ocasião, o líder do governo afirmou que a audiência teve registros publicados na internet. "Tem uma audiência que está no Flickr do Ministério da Saúde, com todos as fotografias, onde o CEO da Belcher foi tratar com o ministro sobre um medicamento chamado Avifavir, que é um antiviral que foi distribuído largamente na Rússia, segundo eles com um efeito muito positivo", disse Barros quando esteve na comissão.

Catori afirmou também que não seria verdadeira a informação de que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, teria o recebido no dia 15 de abril como representante da CanSino, acompanhado de Barros, sem registro na agenda. "A informação não é verdadeira. A Belcher não representava a Cansino na data, apenas obteve a carta de autorização da CanSino em 19 de abril. A primeira interface da Belcher sobre a Convidencia se deu por e mail enviado em 12 de maio, com reunião em 19 de maio", afirmou o empresário.

Contradições

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que o depoimento de Emanuel Catori, "começa muito mal" após apontar o que chamou de "contradições" em torno do relato de uma reunião em que Catori participou junto do deputado Ricardo Barros.

Sobre reunião que teria ocorrido em 15 de abril, o empresário afirmou que não teria sido possível tratar sobre a vacina porque a Belcher só passou a representar a CanSino no Brasil a partir do dia 19 do mesmo mês. Em resposta, Renan afirmou que a contextualização feita por Catori era contraditória porque, no dia 6 de abril, a Belcher já havia fechado um termo de confidencialidade com a empresa chinesa.

"Começa muito mal seu depoimento, com óbvias contradições, tentando passar a ideia de que encontro com Barros não poderia ter tratado da vacina", apontou o relator.

Catori, por sua vez, manteve o depoimento e reafirmou que a reunião tratou apenas de um medicamento. "Não há contradição, quando estabelecemos termo de confidencialidade, em nenhum momento podemos falar em nome da vacina sem a autorização", disse. Por outro lado, o empresário confirmou que chegou ao encontro a partir de um convite do deputado. "Quem marcou para o senhor ir lá?", questionou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). "O deputado Ricardo Barros", respondeu.

No depoimento, Catori disse também que quem aproximou a Belcher da CanSino foi um parceiro privado da Rússia, um laboratório com o qual a Belcher já seria parceiro. Questionado sobre o nome da empresa russa, o empresário não quis revelar. "Vou usar o direito de ficar em silêncio para não expor um parceiro estrangeiro", afirmou o depoente.

O sócio da farmacêutica Belcher Emanuel também se negou a responder quanto a empresa receberia em negociação para venda do imunizante Convidencia. "Nós estamos num processo avaliando se vamos fazer judicialização com CanSino, por isso mantenho meu direito de ficar em silêncio", afirmou Catori.

Durante a oitiva, o empresário lembrou que a CanSino revogou unilateralmente as credenciais da Belcher para representar o laboratório no Brasil por razões de compliance. Segundo ele, a Belcher, no entanto, não "reconhece as alegações" feitas sobre a farmacêutica brasileira e, por isso, avalia a possibilidade de judicializar a decisão da CanSino.

A pedido de Renan Calheiros, Catori afirmou que poderá fornecer à CPI os documentos da parceria que existia entre a CanSino e a Belcher. "Não finalizamos contrato, temos a carta de autorização, estávamos em trâmite de finalização do contrato", disse.

Estadão
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