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Política

Bolsonaristas especulavam sobre prisões duas semanas antes de Moraes ordená-las

27 dez 2022 - 17h19
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A alegação de que os influenciadores bolsonaristas Oswaldo Eustáquio e Bismark Fugazza seriam presos já circulava em grupos bolsonaristas duas semanas antes de o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes expedir mandados de prisão contra eles.

Ambos são próximos ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que abrigou Eustáquio no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, na noite do dia 12 de dezembro — após a prisão de outro influenciador bolsonarista, José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Tsereré.

Oswaldo Eustáquio e Bismark Fugazza, do canal Hipócritas, estão entre os influenciadores mais relevantes do bolsonarismo nas redes.

  • Eustáquio já foi alvo de outros três mandados de prisão por descumprir decisões do STF;
  • O novo mandado está relacionado ao descumprimento das condições impostas à sua prisão domiciliar;
  • Ele também esteve preso no presídio da Papuda, em Brasília, e é investigado nos inquéritos das fake news e das milícias digitais;
  • Fugazza é membro e sócio do canal de humor Hipócritas, declaradamente bolsonarista;
  • O humorista ganhou destaque ao participar e incentivar manifestações golpistas e contra a posse de Lula (PT). Essa seria a justificativa do seu mandado de prisão.

Serere foi detido no dia 12 por suspeita de ameaça e agressão contra Lula. Após a prisão, bolsonaristas atacaram propriedade pública e privada em diversos lugares em Brasília. Correntes que circularam em aplicativos de mensagens na última semana relacionavam o convite para entrar na residência oficial de Bolsonaro ao mandado de prisão.

"🚨URGENTE🚨🚨

A pedido do Presidente Bolsonaro, o pessoal do Hipócritas e o Jornalista Oswaldo Eustáquio foram convidados a entrar no Palácio do Alvorada, depois que o Índio Cerere foi preso pelo PF a pedido do Alexandre de Morais."

No mesmo dia, o jornalista Paulo Figueiredo, da Jovem Pan, escreveu no Twitter que Eustáquio e "o pessoal do Hipócritas" poderiam ter mandados de prisão contra eles, e que por isso teriam ido ao Palácio do Alvorada. A alegação se espalhou nas redes de apoio a presidente, vinculando os mandados a um suposto "crime de opinião".

Foto: Aos Fatos

No dia seguinte, Eustáquio publicou um vídeo em suas redes sociais no qual nega ter tentado se refugiar no Alvorada. Ele dizia desconhecer, até então, mandado de prisão contra si. Sete dias depois, outro vídeo mostrou Eustáquio e dois membros do canal Hipócritas — Fugazza e Paulo Souza — em um avião de pequeno porte. Eles afirmavam que iriam cumprir "a missão mais importante de suas vidas": uma denúncia contra Alexandre de Moraes na Corte Interamericana de Direitos Humanos.

A acusação contra Moraes seria por suposta violação dos "direitos de liberdade de expressão" e pela suposta ilegalidade das prisões temporárias que havia decretado. Eustáquio também alegava que Moraes usava a estrutura do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), corte que preside, para fins próprios, e dizia haver um suposto conflito de interesses devido à relação entre a esposa de Moraes e Gabriel Chalita, que teria hospedado em sua casa o primeiro encontro entre Lula e Geraldo Alckmin (PSB) para selar a chapa presidencial.

Outras mensagens alegavam que os influenciadores bolsonaristas estariam fugindo do Brasil para não serem presos. Eustáquio, segundo seu advogado, está em casa. Não se sabe o paradeiro de Bismark.

Aos Fatos
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