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Política

Bolsonaristas 'fogem' do Twitter e aderem ao Parler

Presidente Jair Bolsonaro, Flávio e Eduardo criam perfis em plataforma utilizada por extrema-direita global. Rede social tem menos regulação

2 jul 2020 - 17h14
(atualizado às 17h24)
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O presidente Jair Bolsonaro e os filhos Carlos, Flávio e Eduardo em Taiwan. 02/03/2018
O presidente Jair Bolsonaro e os filhos Carlos, Flávio e Eduardo em Taiwan. 02/03/2018
Foto: Divulgação/Família Bolsonaro / Estadão Conteúdo

A família Bolsonaro e seus seguidores são o mais novo grupo da direita global a aderir ao Parler. A rede social criada em 2018 funciona de modo quase idêntico ao Twitter, mas com uma diferença importante: menos regulação de conteúdo ofensivo. A página inicial do Parler diz que a rede é "imparcial" e com conteúdo moderado com base na Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos e na Suprema Corte daquele país, "o que permite a liberdade de expressão sem violência e a ausência de censura".

Nesta quarta-feira, 1º, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) estreou sua conta e pediu que seus seguidores no Twitter migrem com ele para o Parler. "Siga-me no Parler! A rede social que tem como prioridade a liberdade de expressão!", publicou o senador na conta do Twitter. Em março, o Twitter apagou um post do senador, um vídeo descontextualizado em que o médico Drauzio Varella aconselhava que população não mudasse o estilo de vida por causa do novo coronavírus. O vídeo datava de janeiro de 2020, quando ainda não havia casos de covid-19 no Brasil - o primeiro foi confirmado em 26 de fevereiro.

Além de Flávio, o escritor Olavo de Carvalho, o presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também aderiram ao Parler nos últimos dias. Com eles, milhares de seguidores fiéis, que levaram para o Parler a mesma postura de defesa do presidente da República e do que chamam de "valores conservadores", com a vantagem de raramente serem interpelados por críticos, aos montes no Twitter.

Além de Flávio, o presidente Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro já tiveram publicações apagadas pelo Twitter, que tem ampliado as medidas para conter a disseminação de conteúdo ofensivo em sua plataforma. As iniciativas, globais, também afetaram políticos e seus simpatizantes em todo o mundo, especialmente os da direita nos Estados Unidos e no Reino Unido.

No país de Donald Trump, são sobretudo os simpatizantes do presidente quem mais têm aderido ao Parler, em resposta às constantes limitações impostas pelo Twitter ao conteúdo publicado pelo presidente americano. Na semana passada, congressistas republicanos ligados a Trump criaram suas contas no Parler, entre eles o senador pelo Texas Ted Cruz.

Também a campanha de Trump à reeleição já publica seus conteúdos na rede social. De acordo com a CNBC, em uma semana a base de usuários do Parler cresceu de um milhão para 1,5 milhão de usuários. No Twitter, este número é de 330 milhões, de acordo com a plataforma online Our World In Data, ligada à Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Apesar de vender ao usuários mais liberdade de expressão do que eles poderiam encontrar no Twitter, o Parler tem sim suas limitações. Já baniu usuários por postagens que violam suas regras. As exclusões repercutiram mal entre alguns internautas, o que levou o CEO John Matze a ser mais didático na rede social. "Àqueles que estão reclamando no Twitter por terem sido banidos do Parler, por favor, prestem atenção: há aqui algumas regras muito básicas que precisamos que vocês sigam. Se não forem do seu gosto, lamentamos, mas as reforçamos", escreveu.

Matze lembrou que não são permitidas, na rede social, fotos de material fecal, pornografia, nomes de usuário com palavras obscenas, xingamentos repetitivos com palavrões e ameaças de morte.

Estadão
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